sábado, 31 de dezembro de 2011

Balanço geral e um olá para 2012!


Antigamente a gente fazia listas de metas para o novo ano aqui na comunidade blogueira. Era bem divertido, mas fui me desanimando com o tempo, principalmente devido àquela fase de falta de perspectiva que tive no início deste ano. Hoje senti vontade de não só voltar a compartilhar minhas metas aqui, mas de também escrever um pouco sobre o "balanço geral" que faço ao fim de cada ano. Acho que vai ser bom deixar registrado em algum lugar, já que meu pobre diário anda meio abandonado e já faz uns dois anos que perdeu o privilégio de ser o portador do meu balanço de fim de ano.

Não quero fazer lista. Prefiro ir contando o que aconteceu, como isto me afetou ao longo do ano e a influência que tem em minhas novas metas.


Para começar, meu estágio. Nada me fez mais feliz em 2011 que ele. É na área que eu queria, com a professora que eu queria e com a equipe que eu sonhava. Apesar de não ter tido muito o que fazer, acredito que meu desempenho poderia ter sido melhor: li mal os textos do grupo de estudos, que eram fundamentais. No próximo ano terei uma responsabilidade a mais, que é ajudar no artigo de uma das mestrandas. Não parece difícil, mas sei das proezas das quais minha preguiça é capaz e espero conseguir superá-la para poder ser de boa ajuda para a menina. A Psicofisio também deve começar a ter atividades e só eu sei o quanto acho aquilo complicado. Espero conseguir organizar meus horários para estudar bastante.


E uma coisa que espero ansiosamente mas também é um dos meus maiores medos vai chegar: apresentações em mostras e/ou congressos. Provavelmente terei de apresentar algo ao menos na Jornada de Iniciação Científica, e sinto náuseas só de me imaginar falando para uma banca julgadora. Na mostra de TCC, desafio também tenso: falar ao microfone para um auditório interessado. Me conheço e sei que desmaiarei vinte vezes antes, mas não deixarei de encarar nenhuma das duas possibilidades, caso se concretizem. Então, o que desejo é...sorte, muita sorte para mim. E coragem. 

Você está intimada a passar
mais um ano com a gente!
Bollywood. Estou legendando um filme chamado Ra.One e há uma espécie de piadinha nele sobre o coração ser a maior força e também a maior fraqueza dos personagens. Bollywood é meu coração. Ao mesmo tempo em que me deixa mais questionadora, curiosa e me põe mais em contato com pessoas, o tempo que gastei vendo/lendo sobre filmes indianos em 2011 foi além do absurdo. Legendei onze filmes e meio (uma legenda foi dividida com uma amiga), escrevi 34 resenhas, vi 113 filmes, li blogs quase diariamente. Sei que isto não é saudável, mas a coisa só piorou desde que conheci a velha Bolly. Além de me manter ciente do que está acontecendo na nova, quero ver tudo de antigamente. E sinto que piorará mais agora que conheci melhor as outras indústrias de cinema indiano:  Kollywood, Tollywood, Punjwood. O ano ainda nem acabou e já estou sonhando com Talaash (Aamir, Bebo e Rani), o novo do Shahrukh dirigido pelo Yash Chopra e tendo a Katrina ji como mocinha, a volta do Saifu em Agent Vinod, o novo do Ayan Mukerji. Ou seja, já comecei a me ocupar antes do tempo. Não sei como, mas preciso parar um pouco com isso. Sei que é amor demais, mas 2012 será meu penúltimo ano de faculdade e preciso acelerar um pouco meu crescimento profissional. 

Pensei agora que a melhor solução é desacelerar em uma das duas frentes: blog ou filmes. Sinto que meu pobre bloguinho (o Deewaneando) será o mais sacrificado. Não tem problema, já que o único fim dele é a diversão, não pode me atrapalhar. Ah, uma pequena observação: acabei de fazer aquelas "estatísticas" do parágrafo anterior, nem eu tinha notado o quão intenso meu ano tinha sido, bollywoodisticamente pensando.

Ainda no assunto blogs, estou muito satisfeita com o Eu Desatinei em 2011. Dando uma olhada por cima no arquivo, neste ano não fiz muitos posts, porém a maioria deles tinha um conteúdo mais significativo que os do ano passado — que foi repleto de posts com uma linha e poucas explicações. Gostei muito de dois em particular, o Perspectiva, cadê? logo no início do ano e mais tarde, o Agora, com vocês: meus novos sonhos!. Não os acho sensacionais, mas para mim é muito bonito ver registrado a passagem de uma pessoa sem chão em janeiro para outra que estava feliz descobrindo para onde ir em julho. 




A parte ruim foi não ter conseguido passar muito tempo nos blogs das minhas amigas, especialmente nos da Nina e da Carlinha, dos quais já perdi tanto. Seria muito fantasioso da minha parte dizer que lerei todos os posts em 2012, mas vou me esforçar para ler pelo menos uns dez posts, poxa. Sinto saudades.

Achei essa imagem no PC e ri.
Relacionamentos...hehe. 20 anos e nunca tive nada além de uma relação platônica com o George Clooney. Quanto a isto, não tenho o que planejar e nem saberia como fazê-lo. Não entendo a lógica dos relacionamentos, mas acredito que ficar planejando "pá, nesse ano vou namorar!" não dá certo. Tem que estar lá, deixar rolar, ver no que dá e quem surge. E eu nunca me dei este tipo de abertura para deixar acontecer. Continuo não sabendo o que fazer e ainda acho que nada vai acontecer, mas vou ficar olhando. Já é muita coisa eu ter passado da menina do "amor para toda a vida" para a do "uma vida e tantos amores quanto nela couberem!". Não estou num momento pa-pa-party everyday, mas acho que as pessoas realmente devam se divertir. A vida é só esta aqui e isto já é coisa pra caramba! 


Li pouco em 2011, comparado ao número de livros de literatura que lia antes. Só que não acho mais que isto seja um problema, como pensava há pouco tempo. Li muitos blogs, eles também tem muito valor. Também li artigos científicos, textos de disciplinas, notícia de jornal, tweets...ao invés de me culpar por "ler pouco", expandi meu conceito de leitura. Dá para aprender alguma coisa em todo lugar, e eu sei bem o quanto aprendi lendo blogs. O Escreva Lola Escreva, por exemplo. Talvez tenha sido a leitura de maior impacto na minha vida este ano ("TALVEZ?", diria minha mãe, saturada de conversas sobre machismo). Para vocês verem: depois de muito medo inicial, comecei a me assumir uma pequena feminista e a me sentir tão mais livre! Antigamente eu pensaria "Nossa, esse blog é tão bom! Por que não é um livro?". Agora penso: "Nossa, tem tanta gente boa escrevendo por aí! Onde posso encontrar mais boas indicações de blogs para ler?". Expandir, expandir...

Um ponto muito ruim de 2011 é que fui muito impaciente com minha família e sinceramente, não acredito que vá conseguir mudar muita coisa em 2012. É tanta desorganização, desespero, repetição de erros de anos...tudo que não suporto. Só que ao invés de ir lá, reclamar e tentar montar soluções, como venho fazendo há anos, pela primeira vez deixei para lá. Ando tão cansada fisicamente, sentindo tantas dores, sabem? Comecei a achar injusto ter de compartilhar de tanto peso desde tão cedo, peso este que poderia ser aliviado com esforço, organização e muita paciência para fazer as coisas mudarem. Já me enrolaram até quando eu nem sabia o que estava acontecendo, criando complicações que não consigo resolver até hoje. Por pouco tempo que fosse, eu queria ficar na minha. Em paz, dormindo e cuidando das minhas questões. Ouvi que sou egoísta, anti-social, só faltava dizerem que sou ingrata. Não foi legal ouvir este tipo de coisa, não. Já chorei. Mas, diferentemente de antes, não foi muito. Só sei que no sacrifício e esforço, estou fazendo minha vida mudar e meus planos acontecerem. Nada disto seria possível sem a ajuda deles. Só queria que percebessem que toda a força que me dão pode se voltar para suas próprias vidas, que as coisas também podem dar certo para eles. Não sei o que vai ser da gente em 2012.


Meus amigos: eu os adoro, todos sabem. Mas, exceto pelo Pedro, por  Klô e pela Izabel, não tive um ano dos melhores com o resto. Mal vi a Flávia, já que agora a maioria das matérias que fazemos é eletiva e ela vai para as suas teorias psicanalíticas enquanto abraço minhas TCCs. E sinto uma falta dela! É uma das minhas poucas amigas que não só entende, como compartilha do meu humor estranho. Minhas amigas da escola, a mesma dificuldade. A que mais magoa não só a mim, como a todas as outras, é Beu. Ela não apenas sumiu, como não faz a menor questão de demonstrar um pouco de presença que seja quando a oportunidade se apresenta. Mal responde nossos recados, e toda vez que se lembra de nós, é para falar do passado, de "como éramos felizes". É dela que mais sinto falta e acho que vai ser assim pra sempre. É minha melhor amiga, era de se esperar que doesse tanto. O Felipinho foi alguém em quem quis dar um tiro às vezes (credo, eu sei) e nem é tão meu amigo, mas desejo que consiga atingir uma sensibilidade maior para com os outros e consigo mesmo. Eu também já fui meio robótica como ele e o problema me parece ser falta de afeto, de deixar-se levar uma vez ou outra. Se ele não tivesse tanto medo de perder o controle e deixar de ser tudo aquilo que considera como bom, veria que há muito mais na vida do que ler tudo para entender as pessoas sem delas se aproximar. Espero, de todo o coração, que um dia ele consiga ver mais.

Com a Isa não tive um ano muito difícil, mas bem afastado devido ao vestibular dela e meu estágio.  Ressignificando, foi até um ano bom com ela. Parece que nossas conversas cresceram depois do episódio "você cria as coisas sem mim, sai do status quo e eu quero tudo como sempre foi". Estamos aceitando mais que as coisas mudam e a gente tem que encarar essas mudanças de frente, ver o que podem trazer de bom. O Ibirá, tadinho, desapareceu tanto que aconteceu o mais perigoso em uma amizade: deixei de sentir saudades, realmente me acostumei à ausência. E confesso que nem estou incomodada, só constatando os fatos mesmo. Me apeguei muito à Lilian e à Jo, minhas companheiras da "janelinha" e moderadoras lá da comunidade de cinema indiano no Orkut. Como disse a Jo, sempre há uma resposta. Uma nunca deixa a outra na mão. Vou parar de falar disso ou começo a chorar em breve, hahahahahah! Estou muito emotiva hoje.

Para 2012: preciso fazer novos amigos, talvez na "vida real". Como pretendo continuar extremamente caseira, nem sei como isto vai acontecer. Talvez eu comece a andar mais pelo campus, ver o que e quem tem por lá. Na internet, estar presente para os meus amigos. E quem me ensinou a importância dessa presença foi a Jo.

Ufa! Estou cansada, meu plano não era fazer um post tão longo. Foi uma análise de ano mais profunda do que eu esperava, estou me sentindo tão "descarregada", como dizem alguns! 2012 pode ser o ano em que o mundo acabe (hehe), mas reparei que não tenho medo de as coisas terminarem repentinamente. Gosto de quem sou, do que vivi, de quem conheci, dos lugares por onde passei. Tive muita sorte nesta vida por ter nascido em uma família que me ama tanto e por ter amigos que não se importam apenas com minha opinião, como também com meu bem-estar.  Não dá para ser feliz completamente e acho que eu nem gostaria disso, já que a tristeza — mesmo que por coisas bobas — me ensinou bastante. É claro que tudo poderia ser melhor (principalmente no lado financeiro!), mas prefiro dizer que poderá. Minha vida não acabou e vou usar de tudo o que eu tiver para fazer dela melhor e cumprir meus objetivos — alguns, em andamento há tantos anos. Às vezes ficamos por aí dizendo aos outros que podem contar conosco, o que é bom. Mas bom também é um exercício que faço: deixar claro a mim que também posso contar comigo, que estou aqui por mim. Main hoon na.

Ná, não canso desta imagem! 

Um ótimo 2012 para todo o mundo!

domingo, 4 de dezembro de 2011

A exaustão do fim

Chegou aquela fase do ano em que ou entro em férias logo ou me tranco no meu quarto e me recuso a ir para a faculdade. É muita exaustão.

Tenho muito medo quando chega este momento devido aos efeitos que pode causar nos meus amigos. Eu os aprecio muito e nesta hora não consigo oferecer nenhum apoio a eles, seja este emocional ou mais concreto. Minha cabeça dói quando começam a me contar qualquer história e toda vez que me dizem o que devo fazer em algum trabalho, fico com vontade de arrancar cabeças. Esta última parte é a pior, porque sei que em trabalhos as outras pessoas estão dependendo de mim e vem um dos piores sentimentos da face da Terra: a culpa, esta maldita. O que é que vou dizer para eles? "Não posso fazer tanto quanto vocês porque estou em estado de exaustão de fim de ano"? Claro que não, porque sei que eles também estão sofrendo. E sei bem! As olheiras deles estão mais profundas, seus ombros mais caídos, seus assuntos mais perdidos, estão mais irritados. Todos estão passando pela onda de cansaço, jamais terei a cara-de-pau de dizer que a minha chega um pouco antes. Mas é horrível não querer sair da sua cama e passar o dia pensando no momento em que voltará para casa.

Essas são as dores de crescer. Você não pode mais simplesmente chorar, correr pro colo da sua mãe e dizer que não quer mais. Está cansadinha? Bem, todos estamos. Esta é a vida, a diferença é que você não sabia disto. Acostume-se com a exaustão, bonitinha. Welcome to capitalism.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Notas de uma menina felizinha que quer continuar assim

De um certo modo, vivo em paz. Lido com a faculdade como posso, mantenho minhas poucas amizades com tranquilidade, até minhas dores físicas estão me incomodando menos. Vejo meus filmes, leio meus livros, faço meu estágio...vidinha pacata. Chata para alguns, mas sempre me deixou bem.

Por favor, não mexam nisso. Não me estressem por nada, não reclamem só por reclamar, não toquem na minha saudável homeostase. Só quero continuar sendo felizinha em paz, que não estava fazendo mal a ninguém :(

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Só pra não dizer que não vim aqui.

Minha pequena, minha lindinha...parabéns pelos 20 anos!

Feliz aniversário pra mim :)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Enem


No último fim de semana rolou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), provinha esperta que está equivalendo ao vestibular. Durante meu primeiro ano de faculdade eu até sabia as datas dessas provas (mentira, levei um susto quando chegou a UERJ), mas este ano fiquei surpresa com o quanto eu não sabia de nada, não queria saber e só me divertia com quem sabia. Dada a minha história de vida, isto é até uma boa coisa.

Fui muito resistente à mudança de vida que a faculdade me trouxe. Comparando com pessoas que passaram junto comigo, até que pouca coisa mudou — o Gabriel e a Fernanda do 2º semestre tiveram que mudar de estado para estudar na UFRJ. Eu só tive que sair sozinha de Niterói pela primeira vez na vida e posteriormente me mudar para o Rio, mas isto é muita coisa. Até o meu 3º ano ainda achava uma grande aventura ir "sozinha" (sempre era com uma amiga) até Niterói, que é ao lado de São Gonçalo. Não andava sozinha, não fazia amigos fora do meu círculo feliz de seis amigas e imaginava o Rio como uma selva. Imaginem minha cara quando minha mãe , que havia prometido pegar o ônibus comigo no meu primeiro dia de aula , falou para eu ir sozinha, pois estava com muito sono?

Uma das coisas que mais me amedrontava era ter que recomeçar o processo de fazer amigos, coisa para a qual sou muito chatinha. Demoro a dar abertura para as pessoas, fico quietinha e só sorrio de verdade quando tenho algum nível de confiança no outro, o que costuma demorar quase dois anos. Eu estava muito assustada no primeiro ano e só sabia falar do quanto sentia saudades da escola. Vivia comparando a sensação de segurança dos meus tempos de escola com o constante estar perdida da faculdade. Era por isto que me apegava muito ao vestibular e suas vítimas. Apesar de já estar na universidade, eu ainda compartilhava do medo que os vestibulandos tinham em relação ao futuro. Mais do que isto: eu ainda me colocava no grupo deles, as pessoas que ainda viam a universidade de fora com um misto de medo e animação. Seu corpo pode estar na situação e você respondendo aos estímulos, mas você não necessariamente se sente parte do ambiente. Falando com vestibulandos, vendo datas de provas e tentando me inteirar do que acontecia, eu só atrasava meu processo de transição de um grupo para o outro. É engraçado como a gente sabota a si próprio.

Quando meus amigos adolescentes começaram a me falar do Enem e percebi que não tinha a menor ideia do que estava acontecendo, percebi que eu finalmente tinha passado de um lado para o outro. Notei que não sei nem como é o vestibular da UFRJ e fiquei espantada com a recém-adquirida importância do Enem, que na minha época só servia para alguma coisa se você quisesse bolsa em particular ou Unirio. Não me inscrevi para a PUC e não consegui passar para a Unirio pelo Enem, mas passei pelo vestibular. A prova que fiz há três anos só para gastar inutilmente umas cinco horas da minha vida é hoje o centro do universo de todos os pré-vestibulares do país. Ontem uma menina publicou no Facebook que havia feito 122 acertos no Enem e pensei "Credo, eu era muito ruim! Só fiz 44 no meu". Esqueci que na minha época eram 63 questões, hoje já são 180. A super velocidade com que as coisas podem mudar me deixa zonza.

Pedro, rural juror mais chaudhvin ka chand de Minas: você só fez o Enem para treinar, mas que tenha sido uma boa experiência e você possa arrasar com esta prova no ano que vem. Isa Isoleta, sei que você é muito ansiosa, mas que tenha destruído tanto a banca que eles liguem para a UFRJ exigindo sua presença na próxima turma de Letras Português-Inglês. Discutam questões com os amigos, comparem seus resultados com os de outros concorrentes e entrem em desespero, passem horas nos sites das universidades vendo notas de corte, esperem pela próxima vez se forem mal ou achem que só vão passar na reclassificação e deparem-se com aprovação para o primeiro semestre...apropriem-se deste momento que pode ser doloroso e até injusto, mas é de vocês. Vivam tudo intensamente. Já estive no seu lugar e a vivência faz parte de quem sou hoje, mas já consegui dar adeus a tudo aquilo. Agora fico aqui esperando para recepcioná-los do outro lado. Sucesso!

domingo, 16 de outubro de 2011

Amigos Paginados

Estou lendo dois livros. Um se chama O Amor, escrito por Dominique Fernandez, e o outro é Terapia Cognitiva - Teoria e Prática, escrito pela Judith Beck. Leio o primeiro para não me desacostumar com literatura e o segundo é para o estágio e minha carreira. Apesar de andar faltando tempo para isto no meio de tanta coisa para fazer e tanto trânsito para encarar, amo ler. Tenho uma relação pouco saudável com os livros na qual considero-os meus melhores amigos. É mais fácil eu lembrar dos sonhos de uma personagem de algum livro da Danielle Steel do que da frase que a minha melhor amiga acabou de dizer. Os livros são lidos no meu tempo, nos lugares que quero, nos momentos em que sinto vontade e posso largá-los se estiverem chatos sem medo de ferir seus sentimentos. Ou seja, paraíso do meu egoísmo.

  
Eu estava lendo a biografis dos meninos
e Os Três Mosqueteiros na mesma época.
No fim de 2009 ganhei a biografia dos Beatles (a do Bob Spitz) como presente de Natal. Ela tem quase ou mais de mil páginas e eu certamente demoraria um longo tempo para lê-la, mas passei quase todo o janeiro de 2010 sem internet, então consegui terminá-la em um mês. Lia-a até de madrugada, e foi numa dessas que notei pela primeira vez o quão estranha minha relação com os livros eram: abracei a minha Bíblia beatlemaníaca para dormir. Mais estranho ainda foi não ter sido a primeira vez que fazia aquilo, mas sim a primeira vez que notei esta mania. Quando abraço meus livros, parece que estou mais perto de todo o mundo que está lá dentro. E é por isto mesmo que só abraço os que gosto, ou seja: nada de envolver O Grande Gatsby nos meus braços. Estava cursando Fisiologia I na época em que lia This Life, a autobiografia do Sidney Poitier. Terminei de lê-la pouco antes do início de uma aula e céus, eu deveria ter esperado acabar a aula para fazer isto! Lá estava eu, tentando abraçar o livro discretamente e me despedir do meu amiguinho enquanto o professor falava da permeabilidade seletiva da membrana plasmática.

Já disse que agir assim não é saudável, tenho consciência disto. Antes eu pensava que fosse relacionado ao fato de eu ter poucos amigos ou ser pouco aberta a eles, mas agora estou muito bem de amigos e continuo nesse carinho todo com meus livros. É apego mesmo. Consigo imergir em um livro muito facilmente, diria até que o livro consegue imergir em mim. E não é uma ligação material, já que apesar de dizer o contrário, empresto meus livros a quem quiser e nem reclamo quando os devolvem em estado de semidestruição. É só o meu conceito de amizade que é um pouco diferente dos de outras pessoas, com amigos paginados sendo possíveis.

sábado, 1 de outubro de 2011

Alguns filmes e reflexões

É de conhecimento geral que passo quase todo o meu tempo livre vendo filmes indianos, mas ando checando alguns filmes ocidentais (muitas comédias românticas) e tirando algumas impressões. Mega resumidamente, o que acho dos últimos vistos:

- Esposa de Mentirinha (2011)
O Adam Sandler estava com cara de quem estava ali para curtir o Havaí ao invés de fazer um filme, todo relaxadão. A Jennifer Aniston estava com aquela expressão séria de sempre (acho que ela tem cara de triste), mas gosto muito dela. A personagem dela finge ser ex-esposa do personagem dele, não queiram saber o porquê. O que tivemos foi um desfile patético de clichês como "a amiga que o cara não notava que era  gata", "o herói encantando a mulher divorciada ao demonstrar carinho pelos filhos dela", as cenas de crianças precoces que discutem como adultos e o discurso de amor básico. Não tenho nada contra clichês, mas...saibam usá-los. O pior do filme foi o primo do Adam Sandler, que ficava gritando e caindo...acho que era para me fazer rir.


-Eva Perón: A Verdadeira História (1996)
Não entendo nada do peronismo e por causa dos comerciais de Evita, sempre quis saber mais sobre a Eva Perón. Pensei que um filme do país de origem da personagem fosse melhor para começar do que um musical da Madonna e acho que fiz o certo. O filme não conta a história da Eva linearmente - começa mostrando seu último ano de vida e ocasionalmente mostram-se alguns flashbacks que explicam mais ou menos como uma filha bastarda/atriz acabou se tornando a primeira-dama mais memóravel da Argentina. Gostei muito da atuação da Esther Goris, porém saí com a impressão de que o filme foi feito mais para intensificar o mito da grande Evita do que para explicar Eva, a mulher. A impressão ficou mais forte na cena final, em que ela dramaticamente morre implorando ao marido que se úna aos pobres, pois somente estes não o abandonarão. Queria saber se a energia passada pela Esther foi fiel à da Eva. A imagem de mulher com muita garra e fibra foi reforçada em cada cena.

Obs: estou vendo umas fotos da Eva e ela era tão linda!

-Onde Está A Felicidade? (2011)
MELDELS, sofri demais. Depois de tanto tempo sem ir ao cinema, acabei gastando meu dinheiro com a comédia mais sem-graça que vi em muitos meses (tanto que nem lembro de pior que essa agora). A Bruna Lombardi estava tão ruim que eu não conseguia parar de comentar isto com a minha amiga. Chegava a dar pena vê-la tentando fazer as (péssimas) piadas do roteiro. Por falar no roteiro...eca. Não sei quem teve o brilhante insight de que palavrões são as coisas mais engraçadas ever, mas ele claramente foi aproveitado. As sequências com diálogo nonsense + piada horrível terminada em palavrão para o público rir devem ter sido umas quinhentas.


-Ele Não Está Tão A Fim De Você (2009)
Como minha mãe me convence a procurar essas coisas? Muitos personagens e pouca história para cada um. Meu maior problema com este filme é que a personagem mais irritante do mundo, Gigi, comportava-se como uma louca e era extremamente irritante. Acho que era para ser engraçado, mas...adivinhem! É, não ri de novo. Se apenas ela não ser engraçada fosse o problema...no final a moral da história foi que a maluca estava "certa" porque ao contrário do outro rapaz lá que do nada se apaixonou por ela,  a criatura se arriscava a quebrar a cara no amor. Sério, gente? A menina juntou indícios que eram qualquer coisa menos evidências de que o carinha estava apaixonado por ela, partiu para cima inesperadamente, foi rejeitada porque ele obviamente achava que não tinha dado sinal de amor nenhum e ELA está certa porque pelo menos se arrisca? Não funcionou para mim.

Lado bom: a personagem da Jennifer Connelly deixando de se culpar por ter sido traída pelo marido e percebendo que passar um tempo consigo mesma talvez fosse o que precisava depois de tanto tempo vivendo por outra pessoa. E também foi bonita a lição de flexibilidade do casal Jennifer Aniston-Ben Affleck.Por falar nele, uma vez li uma frase em que ele dizia que sua cabeça parecia com aquelas estátuas de pedra da Ilha de Páscoa e não consegui esquecer. Contei isto à minha mãe logo na primeira cena dele e toda vez que ele aparecia, ríamos e comentávamos que não dava para não pensar nisto.

-Harry e Sally - Feitos Um Para O Outro (1989)
Amei, amei, amei este filme. Posso escrever de novo? Amei, amei, amei! Finalmente entendi o porquê de ser um filme tão aclamado: é simples, com diálogos incríveis e confirmou a certeza que manifestei no último post: adoro a simplicidade do cotidiano, isto é mágico para mim. Uma coisa muito legal é que ao longo do filme são mostrados pequenos depoimentos de casais de velhinhos contando como se apaixonaram, e todas as histórias são de amor à primeira vista, ou seja — opostas à do Harry e da Sally. Eles não se deram bem quando se conheceram, mas não é aquele "ódio cheio de amor" dos filmes mais clichês. É apenas não gostar de alguém, como acontece tantas vezes com todos nós. Depois de vários anos é que conseguem se tornar amigos, quando a maturidade já falava mais alto e os dois finalmente tinham algo em comum (haviam terminado relacionamentos recentemente). Adorei os personagens sem querer ser como nenhum deles e nem viver aquela história, então foi tudo muito convincente. Também pode provocar umas boas discussões sobre nossas visões a respeito de homens e mulheres. Aprendi com este filme como deve ser uma comédia romântica. Assistam!

Obs: a Meg Ryan era tão linda antes das mil coisas que fez no rosto...

-Manhã de Glória (1933)
Estou com dificuldades para me lembrar dele agora, mas recordo de ter achado os olhos da Katharine Hepburn muito expressivos. A história sobre uma atriz que acreditava muito em seu potencial não me cativou muito, mas o rapaz que gostava dela era adorável. Nas cenas iniciais fiquei pensando em quantas pessoas acham que confiança é a única prova necessária de seus talentos. Não, pessoas. Vão estudar e praticar! A cena final me assustou, apesar de este não ser o objetivo dela.

A cena em que ela interpreta Julieta mesmo bêbada em uma festa me deixou muito apreensiva pela personagem, mas adorei o quanto ela arrasou. Os olhos me prendendo novamente...

Como veem, andei apostando muito em comédias românticas e quebrando a cara fortemente com elas. Também vi Tudo Acontece em Elizabethtown e 500 Dias Com Ela, mas já cansei de comentar e ficarão para depois (ou não). A conclusão é que preciso ver melhores filmes com urgência.

Ouvindo: The State I Am In , de Belle & Sebastian.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sobre o romantismo

O quão clichê é a máxima do "Vivendo e aprendendo"? Na minha vida é uma constante. Estava lendo superficialmente um post antigo meu (parece que 2009 foi há uma vida!) e fiquei surpresa com o quão intensamente a gente pode mudar num curto espaço de tempo. 

"Já que posso sonhar,sabe o que quero de verdade,com todo o meu coração e alma?Viver um filme romântico por um dia.Ops,errado!É viver um filme bollywoodiano super romântico por um dia.Um daqueles em que o amor é tão grande que me faz sentir tudo aquilo mesmo que os amantes sejam só personagens."

Hã...não. Não é que eu tenha deixado de acreditar no amor. O que surgiu em mim após algumas observações do mundo, reflexões e leituras foi um certo pavor do romantismo e do que ele causa nas pessoas. Não nas pessoas em geral, mas em algumas que conheci e em mim. Idealização é uma coisa muito perigosa porque pode nos fazer deixar de perceber as coisas boas e reais que temos por perto. Eu idealizava muito na época da escola. Queria tanto os amigos mais inteligentes do mundo que muitas vezes não notava a genialidade de quem estava ao meu redor. Queria tanto ser a pessoa mais inteligente já existente que não valorizava meus pequenos progressos. Nem mesmo sei se deixei algum rapaz muito legal passar, já que bons de verdade eram só aqueles carinhas dos filmes das gêmeas Olsen. A atitude de "esperar mais" da minha visão romântica muitas vezes não me permitiu aproveitar o inesperado.

Que fique bem claro: ainda
é um dos meus favoritos.
Meu primeiro filme indiano foi Kal Ho Naa Ho, que conta a história de um homem que muda a vida de uma mulher muito triste e de toda a sua família, mostrando a eles como amar a vida. O problema é que ele estava morrendo e apesar de apaixonado por ela, abriu mão deste amor e fez de tudo para que ela ficasse com outro, pois assim não ficaria sozinha quando ele morresse. Lembro do quanto chorei vendo aquele filme e de como minha reação a ele durante muito tempo foi pensar o quão incrível devia ser ter ao seu lado um cara que passasse o dia amando você, pensando no bem da sua família e fazendo mil esforços para garantir a sua felicidade. Ainda acredito que este tipo de pessoa exista, mas não mais considero como algo fabuloso, muito pelo contrário. Aos 19 anos me questiono se ele não tinha uma vida própria para cuidar, se não pensava que ela deveria fazer parte de escolhas tão importantes para a própria vida e imagino que seja insuportável uma pessoa que passe todo o tempo vivendo por e para mim. Sinto esta atitude muito mais saudável do que os dois extremos nos quais vivi: o já citado do extremo romantismo e o da total descrença na existência do amor.

Acredito que exista sim, essa coisa de amor maior que a vida, mas só se você se deixa acreditar e sente vontade de viver assim. E para que isto aconteça, os dois tem que ver a relação deste modo. Aqueles adolescentes que namoram há duas semanas e mandam infinitas mensagens jurando amor eterno provavelmente acreditam que o que compartilham seja maior que tudo. Como não é o que quero para mim, qualquer relacionamento que eu tiver vai estar dentro dos padrões do que considero bom para a minha vida: algo tranquilo, sem amor à primeira vista, sem sacrifícios transcendentais...só eu e ele sendo felizes juntos, seja lá quem ele for. Talvez uma pessoa de fora vejo aquilo como um relacionamento perfeito e ultra-romântico, Depende de como se interpreta.

Dar adeus oficialmente ao meu super-romantismo faz com que eu me sinta bem. Neste post falei sobre aceitação, que é o que estou fazendo comigo em diversos aspectos. Não tem problema gostar do simples — já entendi que o que muitos chamam de simples é o que mais me faz feliz. Também não tem problema gostar de segurança e rotina — já não está claro que, com exceção de um ou outro episódio de intenso tédio, adoro minha tranquilidade? E finalmente, com certeza não há problema algum em preferir um companheiro muito legal (e real) ao tal grande amor da minha vida. Afinal, quem disse que não é difícil encontrar alguém que realmente queira compartilhar e veja beleza nisto? Até dentro da minha visão menos romântica de amor tem dificuldades...não é só o príncipe no cavalo branco que está difícil de encontrar

Ps: procurando imagens para o post, encontrei blogs de meninas muito românticas (muito mesmo!). Espero que elas consigam encontrar o que procuram, e que suas expectativas sejam atendidas então.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Mais um desabafo rápido

Desisto dessa droga, não entendo essa p* de Fenomenologia e tô com sono. A coisa é acordar 20 pras 5:00 de novo. NÃO SOU LEGAL COM SONO.

Desabafo rápido

Estudar NÃO é legal quando você acordou às 5 e tantas e às 22:00 ainda está fazendo um trabalhinho idiota e maldito. F* you, college.

Status: p*.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

...

Odeio a sensação de que sou muito nova, não sei de nada e vou ficar encantada com as coisas que escreverei quando for mais velha. O que resta é o desânimo com o que minha escrita transmite agora.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"Dia da Independência...

...Independência não sei de quê, esse país sempre foi e continuará sendo dependente das outras nações (E.U.A, para ser exata) para o resto da vida. Dia da Independência é só motivo pra criança não ir à escola e pra Lula desfilar. Que nacionalismo barato."

Carol aos 13  anos.

"Feriadooooo! Vou me acabar de tanto filme indiano!"

Carol há 10 minutos.

O que 6 anos não mudam na vida de uma pessoa, hein?


domingo, 4 de setembro de 2011

Medo de gostar: not cool, yaar!

Durante esta semana eu estava conversando com a Ana, minha colega de turma e parceira de estágio (uma linda) sobre a diferença do como nos sentíamos no início da faculdade e agora. Percebi nela uma ansiedade muito parecida com a que eu tinha até uns dois períodos atrás: um medo de gostar do que se gosta. A questão é que gostamos do que estamos fazendo agora por muitas razões, sendo uma delas o fato de nos sentirmos seguras com isto. Muitas das teorias em Psicologia parecem "viajadas" demais, no sentido em que falam das pessoas como se fossem uma coisa meio etérea, poética, um treco flutuando no ar. Ainda tenho a vantagem de pelo menos gostar de ler sobre estas coisas (diferentemente dos meus amigos), mas não quero — e sinceramente, nem imagino como — trabalhar com isto. Na nossa área (Terapia Cognitivo-comportamental) é tudo muito mais prático, e o pessoal mais poético (quem lê acha que nem leio poesia) acha horrível. Mas acho os textos dessas outras bonitos, gosto de lê-los e concordo com muita coisa.

O problema surge quando a gente se sente mal por gostar do que gosta. Desde o 1º período, as pessoas ficam enfiando na nossa cabeça que não podemos ser dois istas: reducionistas e positivistas. O povo chama qualquer coisa de positivista. QUALQUER COISA. Você fala que gosta de Neurociência? Positivista. Você diz que acha o corpo importante? Positivista (ó, maldito positivista!). Você diz que o cérebro existe? Positivista, seu positivista! Acho muito triste isto, porque acabo sentindo até medo de conversar com várias pessoas por causa destas reações. Não sou do tipo que lê muito sobre tudo em Psicologia para ter altos argumentos, sem contar que acho a maior gracinha ver cada pessoa da minha turma seguindo seu caminho, e são muitos os caminhos na Psicologia. Odeio Psicanálise, por exemplo, mas tem uma menina de quem gosto muito que está apaixonada pela área e apesar de fazer cara de "blé!" e rir quando ela conta de como acha incrível, fiquei feliz com isto. Ela é tão boa, tão humana, tão esforçada! Olho para ela e percebo que fará boas coisas na sua área. Ela deve sentir naquela área que me apavora a mesma segurança no futuro que sinto ao olhar para a minha. Cada uma na sua, ninguém pior por ir por um lado ou pelo outro.

Não que eu seja uma santinha que respeita o mundo todo e acha que todas as áreas sejam úteis e maravilhosas  — tem umas coisas que me pergunto pra que criaram aquilo. Mas não gosto quando dizem que  não respeito o ser humano, que tiro a beleza da vida (ok, ninguém disse isso), que blá blá blá. Sabiam que também vejo beleza no que faço? Que leio aqueles textos muito mais fáceis da minha área e também os acho lindos? Consigo olhar para aquilo e ver a mudança que pode fazer na vida de uma pessoa, principalmente por elas terem acontecido na minha. E foram boas, gente. Sem contar que eu precisava delas, ah como precisava! Só queria que respeitassem o bem que me fez e o que pode fazer aos outros.

Tinha muito medo de gostar disso tudo (Neuropsi e TCC), mas felizmente tudo se acalmou dentro de mim no 5º período e estou muito feliz. Espero que a Ana também consiga perder o medo de amar o sentir-se segura, já que ela é incrível e será uma psicóloga sensacional assim que entender que tem que respeitar seus próprios desejos. Acho que é sempre difícil se aceitar.

Bom domingo!

Joguei "aceitação" no Google e apareceu isto. Gracinha, não?

Ouvindo: Madhubala, cantada por Ali Zafar e Shweta Pandit. É da trilha do filme Mere Brother Ki Dulhan, por cuja estreia estou cada vez mais ansiosa!

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O tranquilo sou eu

MÁMELDEEELS, que semaninha mais cansativa! Um gênio do mal se apossou de todos os orientadores do meu estágio e fez com que eles decidissem marcar treinamentos e reuniões às 7:30 da manhã. Só nesta semana foram três vezes, e terei pelo menos dois treinamentos por semana nesse horário maldito por pelo menos mais umas duas semanas. 

Reclamo, mas ando sentindo uma grande satisfação em...sei lá, estar na minha vida? Ou em ser a minha vida, talvez. Sou privada de muitas coisas, é verdade, mas tenho outras que me trazem sorrisos o suficiente para deixar tudo equilibrado. Hoje está fazendo frio aqui no Rio e este clima me faz muito bem, sinto que deixa mais aguçada a minha percepção das boas coisas. Ele me fez olhar para a Iasmin e a Izabel e sorrir por ter as duas como amigas. Também fez com que eu prestasse atenção à cada segundo de uma aula cujo assunto normalmente não me interessaria, porém eu estava me sentindo tão bem por estar na faculdade que o conteúdo pareceu ótimo. O frio também fez com que tudo o que estava me dando tédio no outro dia parecesse a coisa mais divertida do mundo, tanto que passei o caminho de volta no ônibus sorrindo ao ouvir Sheila Ki Jawani e ansiosa para chegar em casa e mexer no KK-B.

Esta casa, este estar sozinha sem estar solitária, a calma, a felicidade em apenas ver um filminho qualquer, o sorriso ao ver meu cobertor...tudo é meu, sou eu. Já estava sentindo saudades.

domingo, 28 de agosto de 2011

Post tedioso sobre o tédio

"Fale sobre o que está acontecendo", é meu novo lema. É o que está acontecendo é o tédio. Tédio, tédio, tédio. A minha vida é muito parada, como já comentei (não sei se aqui, mas já comentei). Não saio para nada que não seja a faculdade e minha vida em casa se resume a tudo o que eu possa fazer no meu computador: ver filmes e séries, escrever, ler notícias, conversar, twittar. Vivo assim há anos e sempre há estes momentos em que entro em crise por causa da mesmice, então sei que vai passar. A mudança virá e sei quando. Esse meu tédio durando anos é uma das consequências do meu plano de vida e no momento, só quero reclamar dele. Maldito!

Hoje já acordei entediada (e ontem fui dormir do mesmo jeito) e depois de ouvir um péssimo episódio de um podcast do qual já gostei mais, fui assistir a 30 Rock. Conhecem esta série? Me faz rir tanto! É uma comédia louca sobre o cotidiano de um pessoal que trabalha na NBC. Os principais são a Liz Lemon (Tina Fey) e o Jack Donaghy (Alec Baldwin). Me apaixonei pela Fey e pelo Baldwin graças ao seriado, mas eu já sabia que a Tina era boa. A surpresa foi o Alec, de quem eu só sabia que era lindo e magro há anos. Minha mãe sempre olha para ele em 30 Rock e fala "Mas ele engordou tanto, era tão bonito!", ao que respondo "É?". O mesmo diálogo se dá há pelo menos uns dois anos.

Considerando o volume de coisas que tenho para estudar, não deveria estar vagando pela casa com essa carinha de quem não tem mais o que fazer. Tivemos uma semana de palestras sobre Psicologia lá na faculdade e eu deveria ter usado este tempo livre para estudar, mas...ah, é bobagem, mas faz sentido para mim. Minha tia e minha prima estavam passando umas semanas aqui em casa enquanto o apartamento delas estava em reforma e não consigo estudar com gente em casa. Tento, mas é muito difícil. Gosto de estar estudando deitada na sala, aí enjoo e vou para a mesa, canso e venho para o computador, a internet me enche e vou estudar sentada na cama, desisto da cama e sento à mesa do pc...é uma bagunça, mas no final consigo ler o que preciso. Quando tem alguém mais na casa, especialmente quando é uma pessoa nova como a minha prima, me sinto muito limitada. Estou estudando na sala, aí canso e quero ir pro pc, mas...opa, tem alguém lá, fico enrolando. É bem chatinho. Mas tadinhas, elas me aguentaram em sua casa por quase dois anos, não custou muito ficar com elas aqui por umas semaninhas. Foi até bem divertido, especialmente pelas conversas com a minha tia. Nunca disse, mas a minha tia é uma pessoa muito legal e engraçada.

E é isso, né? Post sobre o tédio é só para passar o tempo. Vou lá ver algum romance americano, comecei a baixar Elizabethtown do nada (muita coisa pode preencher o nada..sendo assim, tenham sempre o que fazer). Mais tarde tentarei estudar. E amanhã, supervisão mais que linda do estágio mais bonito do mundo. Depois irei à UERJ, conto depois o motivo.

Abs.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Sobre essa tal de inspiração

Eu costumava chegar aqui com a vontade de escrever sobre algo e o medo de ficar encarando o vazio da caixinha do Blogger. Destes dois companheiros dos meus três anos de blog, (felizmente) só o medo da caixinha foi embora. Infelizmente ainda resta um certo desconforto de ficar olhando para este nada e me questionando sobre o que quero expressar, mas não mais  ficar pensando "Será que vão odiar isto demais? Será que não é melhor ficar na minha?" já é alívio o suficiente por agora.

Carol está rastreando sua mente atrás de pensamentos. Tente outra vez em 5 minutos. Obrigada.

I just loooove Love Aaj Kal! <3
Ah, já sei. Hoje revi um dos meus filmes favoritos: Love Aaj Kal, de 2009. É um romance com o Saif Ali Khan e a Deepika Padukone, os quais carinhosamente decidi chamar de Saifu e Deepi. Eu só o havia assistido uma vez, em 2009, mas assim que acabou decidi que era favorito e ponto. Só que o tempo foi passando e notei que minhas lembranças sobre o filme eram pouco exatas e meus motivos para gostar dele pareciam bobos (roupas da Deepi, dança final do Saifu, presença da Neetu ji, trilha incrível). Na verdade, muitos dos filmes do meu primeiro ano de cinema indiano precisam ser revistos, já que na época eu estava encantada demais com tudo para realmente conseguir refletir sobre alguma coisa.

Voltando ao filme, assim que acabei de vê-lo fiquei com a sensação de que havia tantos pensamentos dentro de mim que eu poderia explodir se não os colocasse logo em algum lugar. Esta era uma situação difícil de lidar antes de ter meus blogs sobre cinema indiano, porque o tanto de informação na minha cabeça era demais para fazer apenas um ou outro comentário com alguém. Com a possibilidade de criar postagens inteiras, era só "jogar" na caixinha do Blogger e ser feliz. Há há, que gracinha de criatura ingênua. Vocês, que me leem (os que comentam ou não), também acham muito difícil escrever? O que mais me surpreende é que aqui era difícil escrever pela dificuldade de escolher um assunto, mas ao comentar um filme, tudo já não estaria pronto na minha mente? Eu já saberia do que gostei ou não, dos musicais que mereciam destaque, das comparações a fazer com outros filmes e interpretações dos mesmos atores...ainda assim, por que tão difícil?

Hoje em dia acho que criar é sempre difícil. Você tem que tirar algo "do nada"...opa, não acredito nessa história de "do nada". Acho que a pessoa já leu algo parecido, ou pelo menos um texto com o mesmo clima que ela gostaria de passar no seu. Voltando, a pessoa tem que criar do...do alguma-coisa-desconhecida algo que pareça legal para ela e interesse aos outros. Ô coisinha difícil. Mas me esforço (poucas vezes, mas me esforço!) para escrever o que dá. O que não dá é para deixar a vontade passar por falta de paciência e coragem para arriscar. Uma vez eu estava na minha (bem comum) "febre de postagens" e a Isa, minha companheira de blog, comentou que ela precisava de "inspiração". Pela descrição dela, a tal da inspiração era bem mais que vontade, me pareceu algo quase vindo dos céus. Entendi como sendo um raio. PÁ! Inspiração. Na hora em que ela disse aquilo, lembrei de um professor meu que acredita na construção da criatividade. Explicando melhor: ele acha que é uma questão de prática. Não sei se acredito que seja somente prática, mas acredito firmemente que o incômodo, o "não estar a fim" possa ser o primeiro passo para conseguir expressar algo mais profundo. Às vezes a gente precisa dar uma marretada na preguiça para ver o que ela está se esforçando tanto para esconder, gente. Certo, às vezes só tem ela. Mas...quase todas as vezes? Acho que não.

O que ela disse me afetou bastante porque eu também pensava assim, apenas até começar a fazer um esforço descomunal para escrever em alguns momentos nos quais eu estava com umas ideias na cabeça, porém não estava me sentindo "inspirada" para expressá-las. Comecei a produzir mais, notei a diferença até mesmo em provas da faculdade. A situação me lembra uma música do Pedro Luís & A Parede (segundo um comentário no Terra, a autoria é de Itamar Assumpção e Alzira Espíndola), Transpiração. O que entendo da letra é que a inspiração vem daquilo que nos cerca, tudo pode estimular nossa capacidade criativa. E para mim, é isto mesmo. Não digo que tudo o que sai é maravilhoso (não escrevi sobre Big Brother aqui?), mas é seu. Aceite que nem toda a sua produção parece uma obra-prima, mas essas tentativas também tem valor. Agora minha inspiração para escrever não vem mais de "búúúú, uma força de vontade inexplicável". Ela vem como a própria inspiração física mesmo...inspira em 1, 2, 3 e solta logo esse sopro cheio de vida, menina!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A day in the life

Hoje foi meu primeiro dia de aula no 6º período. Logo de manhã, uma cena engraçada: passei em frente ao meu prédio às 7 da manhã e havia um monte de alunos e professores do lado de fora. Achei que era greve e logo me preocupei, mas tinha de ir para o estágio (em outro prédio) e fiquei na curiosidade. A verdade é que o porteiro do IP (Instituto de Psicologia) só chegou às 8:20. Sério que ninguém mais tinha chave, gente?

O estágio foi legal como sempre. Gosto muito da minha supervisora, sinto por ela uma admiração enorme. Ela é inteligente, metódica, e se preocupa com o nosso aprendizado. É muito humana, também. Uma linda. As orientandas de pós, mestrado e doutorado dela também são incríveis. As outras estagiárias também...ou seja, amo aquele ambiente e tudo o que aprendo lá. Pena que havia ido dormir muito tarde na noite anterior e não estava com um alto nível de consciência durante a supervisão.

Almoço com as minhas companheiras de estágio, que são todas minhas amigas de turma. Contei à uma delas (que era apenas colega) sobre meus fetiches e a criatura ficou chocada, hahahha. As outras, que já sabiam de tudo, riam sem parar. Ela nos contou a história de seu namoro (muito meigo), discutimos sobre pais e ao vermos os calouros de Serviço Social pintados para ir ao trote, lembrei de quando passei pela mesma situação. Parece que foi há 10 segundos...2009, como fugiu de mim tão rapidamente?

Depois, primeira aula de Testes Projetivos. A professora é do Rio Grande do Sul e é fofa demais. Baixinha, branquinha, cabelos pretos curtos e óculos. Dá sorrisos tímidos e tem uma voz doce. Tão nova e já doutora! Parece ser muito competente, ouvi até boatos sobre uma outra turma meio vagabunda que não se deu bem com ela exatamente porque ela cobra mesmo (e o professor anterior era um fanfarrão, sei por experiência própria). Fico feliz por ter a chance de aprender com ela, e espero mudar um pouco a sua visão sobre o comprometimento dos estudantes da UFRJ.

Peguei meu ônibus às 16:30, e ouvi um episódio do FilmiTalkies no caminho. Depois tive que dormir. Ao acordar, eram 18:00 e eu ainda estava no trânsito (mas passando pela praia em momento nublado, foi lindo). Cheguei em casa às 19:00, perguntando-me se o trânsito seria assim durante todo o período. Fui ver a comunidade, mandei e-mail para a coordenadora do IP para resolver um problema nas minhas matérias, vi Rebelde, adiantei a legenda de Thank You e vim aqui contar isto.

Um dia na minha vida :)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mel & Joss

Durante minhas longas viagens de ônibus pelo Rio de Janeiro, meu celular é meu companheiro mais constante. Desde que meu MP4 ficou ruim (com 2 meses de uso), meu Samsung velhinho é o único ao qual confio minhas músicas. Nele ficam marcadas minhas fases: uma semana repleto de músicas indianas, uma só de Beatles, uma só de bandas de indie rock, outra só de indie pop...se eu tivesse anotado as músicas que coloquei nele a cada semana, teria uma boa ideia de como estava meu humor em cada uma.

Venho descobrindo minha feminista interior nos últimos tempos e na última semana, comecei a explorar as cantoras no meu Windows Media Player. Não é uma super manifestação feminista (até porque estou só começando), mas realmente comecei a me perguntar o que as mulheres andam dizendo. Ouço pouco o que cantam as cantoras nacionais, confesso que as acho um pouco repetitivas (apesar de adorar várias, como a Roberta Sá e a Mariana Aydar). Lembro até de um tweet no qual dei retweet (modernosa) que diz algo como :"Estou de saco cheio dessa mulherada de vestidão cantando Chico Buarque". Todo o mundo anda cantando coisas tão iguais, tão "Sou neguinha e gosto de ir pro samba com minha saia rodada", que perdi um pouco do interesse por música nacional.

Duas moças andam fazendo meus ouvidos: Joss Stone e Melanie Fiona. A Joss já é famosona, mas nunca havia chamado muito a minha atenção até eu pensar "ei, que tal ouvir estes discos que tenho há dois anos no pc?" e sentir o amor começar a nascer. A Melanie é uma cantora canadense cuja carreira é relativamente nova, tendo lançado seu único álbum até agora, The Bridge, em 2009. As duas tem o maior estilo de quem passou a infância ouvindo a Aretha Franklin, mas os sons são diferentes. A Melanie é um pouco exagerada e enche as músicas de "YEEEEEEEEAH, OOOOOH, UHUUUUUUH" gritados, enquanto a Joss também tem vozeirão, só que canta de um modo mais tranquilo. Mas no álbum da Melanie não há apenas músicas gritadas. Monday Morning, sua música mais famosa ,tem pouco (ou nada) desses exageros. No geral, as duas tem vozes maravilhosas.

Quanto às letras, costumam ser sobre amor. Amor, relacionamento, amizade, sempre isso. Uma das músicas mais gritadas e uma das minhas favoritas da Melanie, It Kills Me, tem uma das letras que mais detesto na vida. Ela basicamente fala sobre o quanto o homem que ama a traiu e briga com ela, mas que sem ele não pode viver. Ao mesmo tempo em que acho horrível, sei que tem muita gente por aí cuja auto-estima chegou a um nível tão baixo que esta música faz todo o sentido em sua vida. Lembrei agora de uma amiga minha que parecia à beira da morte quando descobriu que o namorado a havia traído (foi muito triste). Uma das piores partes da música:

"Será que eu devo pegar o celular dele, e ligar pra esta menina
Fazer um 'shhh' e depois desligar?
Ou devo ser uma dama
Oooh, talvez porque quero ser a mãe dos filhos dele?"

Ao mesmo tempo em que canta isto, também tem Give It To Me Right, que me diverte muito. Algumas partes da tradução, retiradas do Letras.Mus.br:

"Eu acho que você não entende
Se você não pode me satisfazer, eu conheço alguém que pode
Me dê direito
Ou simplesmente não me dê

Essa é a vida real, baby
Essa é a vida que me faz dizer

Essa é a realidade, baby
Quando eu estou sozinha, eu posso me fazer dizer  *nota: minha parte favorita
Yeah yeah, yeah, yeah, yeah"


Quanto à Joss: como demorei tanto para conhecê-la/amá-la? Esta já lançou de tudo, mas estou ouvindo seus discos com calma. Ainda estou grudada ao Mind, Body & Soul. Até o momento, minha música favoria é Right To Be Wrong, que acredito ter sido composta pela própria Joss. Olhem que incrível:

"Eu tenho direito de errar
Já me seguraram por muito tempo
Eu tenho que me libertar
para finalmente respirar
Tenho direito de errar
Cantar minhas próprias canções
E posso ficar desafinada
Mas com certeza me sinto bem assim
Tenho direito de errar
Apenas me deixe em paz"

Antes de ser fã como agora, a música que mais gostava dela era You Had Me. Lembro de ficar torcendo para o clipe passar na MTV. Spoiled é uma que tocava no aleatório do PC e eu adorava, mas nunca parava para refletir sobre (na verdade, nem sabia o nome). As duas continuam favoritíssimas. Notei que também costumo cantarolar Don't Cha Wanna Ride? do nada.

Coloquei links para as músicas nos nomes de cada uma. Quando conhecer mais gente que valha a pena mencionar, compartilharei aqui!

domingo, 10 de julho de 2011

Sobre Rory, Lorelai, Carol e Eliz


Minha mãe e eu sempre fomos apaixonadas por séries. Desde pequena, tenho lembranças de nós duas assistindo-os em horários dos mais diversos. Ia desde aqueles das manhãs de domingo do SBT até Hilda Furacão (sim, minha mãe deixava uma criança de sete anos assistir àquilo). 

Dentre todos, Gilmore Girls é o mais importante para mim. A história do seriado é muito simples: Rory (Alexis Bledel) é filha de Lorelai (Lauren Graham). As duas vivem na pequena cidade de Stars Hollow e conseguem levar uma vida feliz e independente dos pais de Lorelai, que sempre estão em conflito com a filha, que engravidou aos 16 anos. A relação das duas é muito legal: são unidas, mas não amiguinhas. A relação mãe-filha não se perde ali. Uma tira sarro da cara da outra constantemente, e ambas vivem em seu próprio mundo de músicas, filmes, seriados e programas de televisão inúteis. Conheço pessoas que acham o seriado muito chato porque nada de muito importante acontece, mas a minha própria vida tem aquele ritmo tranquilo, então acabo até gostando dessa característica.

Eu relutava em aceitar isto quando era mais nova e sinto um pouco de vergonha em contar isto às pessoas porque me faz parecer meio boba, mas minha mãe e eu somos parecidas com a Rory e a Lorelai. Minha mãe me teve muito cedo e tudo ficou ainda mais difícil quando meu pai morreu, então estava a tornar-se adulta ao mesmo tempo em que criava outra pessoa. Esta (infelizmente) é uma situação bem comum, e por si só não serve para explicar porque vejo tanta semelhança entre minha mãe e a Lorelai. Pois bem, o que me tocava tanto em relação à Lorelai é que ela decidiu criar a filha do seu próprio jeito, não desanimando em passar seus valores à ela mesmo com toda a pressão externa para que fizesse tudo de modo diferente. Para ela foi mais fácil por ter ido morar em um lugar onde ninguém pudesse importuná-la, já a minha mãe tentava fazer a mesma coisa dentro da casa dos pais. Meu avô sempre foi tranquilo, mas a minha avó (por mais que eu a ame) sempre dificultou a vida da minha mãe, e fazia de tudo para que eu a amasse mais e fizesse tudo ao seu modo. No meio da bagunça de uma casa sempre cheia, minha mãe conseguiu fazer com que eu amasse estudar (como ela própria), que a leitura fosse meu passatempo favorito (hábito que só ela tinha), até mesmo com que eu fosse mais calma (só entende quem conhece minha efusiva família). Ela sofreu, nem queiram saber quanto (e como).

Assim que comecei a assistir ao seriado, logo senti uma ligação com a Rory. Ela era estudiosa, meio idiotinha, tinha crises existenciais porque nunca conseguiria ler todos os livros do mundo, seu maior sonho era ir à universidade. Por falar em universidade, mais uma ligação Eliz-Lorelai: assim como a Lor, minha mãe sempre sentiu um vazio por não ter frequentado a universidade, mas colocava toda a sua felicidade na possibilidade de sua filha consegui-lo. Lembrei de uma coisa bonitinha. Às vezes chego ao campus de manhã e ao atravessar os portões, sinto uma sensação muito boa, de trabalho de uma vida inteira sendo realizado naquele lugar. Aí chego em casa e ao contar à minha mãe, costumo dizer que "nós conseguimos". Não digo isto só por dizer, pois sei que tudo foi resultado do meu esforço combinado à base que ela me deu para que eu pudesse me desenvolver. Ninguém está sozinho.

Agora, se há uma coisa que tanto me faz sentir que Rory e Lorelai são parecidas com Carol e Eliz, são as conversas. Gilmore Girls é uma série cujo principal apelo está nos seus diálogos rápidos e engraçados, e as nossas conversas são assim (é claro que só nós achamos graça, mas tudo bem). É que a Lorelai é aquela das ideias loucas, enquanto a Rory só faz cara de "tá bom, mãe", e assim somos nós. Minha mãe é toda jovial, simpática, extrovetida e imaginativa, enquanto sempre fui tranquila, estraga-prazeres e a voz da realidade (e da consciência) dela. Este sistema era meio difícil quando eu era mais nova, mas confesso que funciona.

Costumo me identificar muito com personagens que sejam tudo aquilo que eu queria ser, mas os que realmente me batem forte são os que parecem comigo. Ando escrevendo bastante sobre a intensidade que o sentimento de reconhecimento nas Artes pode ter ("aquilo ali sou eu") sobre mim, e era bem isso que eu tinha com Gilmore Girls. Não digo que minha vida era idêntica àquilo, mas o que mais importava nela era parecido, então me marcou muito. Passei uns 2 anos baixando o seriado e tentando terminar de assisti-lo, o que aconteceu há poucos meses. Até agora sinto um certo vazio ao procurar outras coisas para assistir, já que passei tantos anos sentadinha vendo aquilo com a minha mãe (acompanhamos até de madrugada!). Pena que minha mãe não pôde terminar de assisti-la comigo por falta de tempo.

O que posso fazer agora é continuar vivendo novas experiências que me constituam, para que me reconheça em histórias de vida cada vez mais diferentes.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O show do Paul!

"Mas Carol, é julho! De que adianta você falar agora de um show que aconteceu em maio?"

Ah, mas tenho minha arma secreta da memória: meu diário! Com minha doce e irregular letrinha, nele registrei as sensações que tive após o dia mais bonito da minha vida. Acho que um momento tão especial não poderia deixar de ficar marcado também aqui, e com a emoção do momento. Nunca compartilhei tanto do meu diário em local público, logo...ah, saibam que isto é especial.

Então, com pequenas modificações, apresento a vocês a Carol-pós-show-do-Paul-lifestyle. Pareço ter 10 anos, dois neurônios e 10.0000 hormônios, mas tá valendo.


Terça-feira, 24 de maio de 2011

ONTEM, FUI AO SHOW DO PAUL MCCARTNEY! DO MEU AMOR! DA LUZ DA MINHA VIDA! PAUL, EU TE AMO MUITO! Estou quase chorando ao escrever isto. Eu deveria ter escrito sobre isto antes, mas ando com cada vez mais preguiça de escrever.

Eu e Klô chegamos na fila às 10:00, sendo que o show começaria às 21:30. Achamos que haveria um monte de gente na fila, mas só havia seis pessoas na nossa frente! Passamos o dia todo lá conversando com as seis meninas da frente. Ficamos mais próximas das duas irmãs que moram em Fortaleza, uma se chama Camila e nem sei o nome da outra. Elas são muito inteligentes, simpáticas e gentis. Fiquei feliz em conhecer gente assim.

Lindo foi ter passado o dia todo conversando sobre Beatles com pessoas que também sentem o coração disparar ao ouvirem as músicas deles. Discutimos sobre a Yoko, o fim da banda, as diferenças entre as duas fases, os melhores discos músicas de que gostamos ou não. É incrível demais cantar You Can't Do That com pessoas que não só conhecem a música, mas sabem cantar cada improviso do John.

Depois de sete horas e meia, os portões foram abertos e entramos no Engenhão às 17:30 para esperar o momento mais lindo das nossas vidas. O show começa com um vídeo longo que mostra imagens de todos os momentos da carreira do Paul — dos Beatles antes do sucesso até depois dos Wings, sendo sempre aquele lindo. Aí, ele chegou. A minha vida, minha luz, o meu amor chegou (nota: é notável o número de pessoas que chamo de "minha vida"). LINDO. Terno preto, aquele sorriso tranquilo, a voz angelical. Olhei para ele ali, tão perto de mim, e sentia como se estivesse recebendo uma bênção. Gritava mais do que jamais havia gritado. Dizia que o amava, que ele era lindo...tudo o que eu conseguisse verbalizar daqueles pensamentos e sentimentos loucos em mim. Imaginei tudo, menos que o meu amor fosse começar o show com Magical Mystery Tour! Gritei e pulei até perder as forças, cantando até a rouquidão! A primeira música passou voaaaaaaando.

Foi muito legal cantar Jet, porque é uma música que faz as pessoas pularem. Maaas saí mesmo de mim com Band On The Run e Mrs. Vandebilt. AMO essas músicas e era louca para ouvi-las ao vivo, especialmente Band, que soa como três músicas em uma. Mrs. Vandebilt, acho o máximo, sei lá porque, Uma vez procurei vídeos dela no Youtube, encontrando um ao vivo. Alguém havia comentado que era raro o Paul tocá-la, o que me deixou desde então com esta vontade de vê-la ao vivo. MÁGICO. O "ho, hey ho!" perfeito, tudo lindo.

Chorei em Hey Jude e foi engraçado: enquanto olhava para o Paul sentado ao piano a tocá-la, em minha mente começaram a se misturar as imagens do próprio clipe da música, que é engraçado (principalmente quando entra aquele bando de gente) e que  amo (o Paul está lindo nele). Percebi que era como se estivesse perto de tudo aquilo que só via em vídeo, daí foram mais lágrimas. Aliás, lágrimas eram minha segunda reação favorita no show. Só perdiam para os gritos.

Me animei muito em Day Tripper, mas estou achando que meu momento favorito foi quando o Paul perguntou se queríamos mais rock, respondemos que sim, começou a guitarrinha e...AAAAAAAH, HELTER SKELTER! MEU DEUS, HELTER SKELTER!  Cantei tão alto que estava prestes a explodir. A banda do Paul é absurdamente sensacional, TODA ela arrasa muito. O baterista estava felizão, devia estar se divertindo no Rio.

Quando tudo acabou desabei mais uma vez. Não sei bem se acredito em Deus, mas era a Ele que ficava agradecendo sem parar, com o rosto entre as mãos e a tal da alma elevada. "Obrigada, meu Deus, obrigada, meu Deus, obrigada, meu Deus!". Fiquei pensando que eu tinha de estar ali, que era para mim, que era incrível poder viver sentindo aquela sensação de desligamento do corpo que eu estava experimentando. Voltei cantando, tomei banho cantando, deitei cantando. Só senti realmente o peso do cansaço na aula do Cabral.

Sinto-me tão feliz que nem a gracinha da minha orientanda ter faltado de novo e me deixado aqui esperando DE NOVO vai me desanimar. Agora vou dormir, já que minha conscência finalmente se deu conta de que meu corpo não é movido a Paul McCartney, e preciso finalmente descansar. Sendo assim, até a próxima! 

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agora, com vocês: meus novos sonhos!

Há vezes em que dou uma olhada passageira aqui pelo blog e fico meio triste. Desde que meu tempo ficou escasso, postei muito pouco e quando postei, era somente para comentar sobre as minhas angústias. Poxa, aconteceu tanta coisa desde o meu tempo de escola até aqui! Pode ser que eu não deixe muito claro, mas sou feliz, gente! Muitas vezes, dizemos que queremos escrever para "nos expressar", mas é bom lembrar que nem só tristeza se expressa. Este post é o meu protesto contra a supremacia dos meus posts tristes!

Pelo que me lembro, as últimas notícias que dei sobre a minha vida foram sobre minha falta de perspectiva e meus sonhos de infância. Bastante coisa mudou.

Em primeiro lugar, não estou mais perdida na faculdade. Gosto de Neuropsicologia, ponto. Arrisco até mesmo dizer que quero Neuropsicologia. Não me importa se me acham determinista, se minha nota em Fisiologia I foi 5.1, se repeti Embriologia...nada está me assustando a ponto de me fazer desistir, e esta coragem me fez ver que entendi meu caminho. Perto disto, comecei a me interessar por TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), porque uma professora que admiro muito(mesmo) segue esta linha e achei tudo o que ela apresentou muito legal. É claro que tenho minhas dúvidas em relação à TCC, porém já notei que sempre terei dúvidas em relação a qualquer coisa...minha mente questiona muito. Assim que esta professora abriu vagas em seu estágio, participei da seleção, mas não senti muita segurança em minha entrevista (fui mal nas matérias que eram pré-requisitos). Este é um post sobre felicidade, então vocês já imaginam que fui aprovada. O melhor: eram quatro vagas, e somos quatro amigos interessados nisto. Três de nós conseguimos, e um ficou de fora. Na última semana, soubemos que o garoto que havia entrado decidiu sair, e o nosso amigo o substituiu. Fiquei tão feliz! Agora somos o grupinho feliz da TCC, vamos usar roupas iguais e andar sempre de braços dados. Se alguém levou a última frase a sério, desistirei da ironia.

Gostando de Neuropsicologia e TCC, já sei quais matérias quero cursar, com quais professores quero estagiar, as palestras que quero assistir, os livros que desejo comprar, os cursos que quero fazer e até penso em algumas pretensões na faculdade após a graduação (pós, mestrado, doutorado). Para mim, isto tudo está passando bem longe de "falta de perspectiva".

Os sonhos, os sonhos...ah, como são bonitos! Quando pequena, meus maiores sonhos eram ser formada em algo e ter uma família feliz. Cortei (ao menos temporariamente) a parte da família feliz porque não penso em ter um relacionamento tão cedo, e sabemos que o sonho da formação está em construção. Agora, estou notando os novos sonhos. O mais básico é que quero viajar, e sozinha. Meu primeiro lugar de interesse há vários anos é a Inglaterra, onde acho que posso estudar bastante. Ah, essas minhas viagens serão também para estudo; tenho preguiça de sair de casa só para curtir um turismo despreocupado. Como a TCC é muito forte no exterior, posso fazer boas formações e conhecer abordagens diferentes. Além disto, meu interesse é por muita coisa dentro da Neuropsicologia, então não preciso ficar me prendendo à TCC.



Às vezes penso em ir à Índia, mas não sinto uma vontade de estar lá tão grande quanto a dos meus amigos fãs de Bollywood. Sinto muita vontade de ir ao Punjab para brincar de tujhe dekha to ao vento, mas isto é mais uma brincadeira do que um plano. Taí: se há um lugar onde eu faria puro turismo, é a Índia.

Depois de viajar para estudar tanto quanto puder, meus outros sonhos são mais simples. Quero um gato, mas não um gato qualquer! Tem que ser um gato maneiro, como minha mãe e eu dizemos. Temos a bela habilidade de criar animais engraçados, e nossos gatos não são aqueles gatos chatinhos que tem como capacidade mais engraçada subir em cima da cama e dormir. Os nossos gatos não apenas sobem na cama, como exigem ficar no edredom mais macio. Nossos gatos ficam passeando na estante de casa para chamar a atenção das visitas. Nossos gatos exigem dormir entre nós duas  para receber mais calor humano. Todas estas eram as características do nosso gato mais legal, só que nossos cachorros também eram assim, então sabemos que somos maneiras e que os nossos gatos também o são. Com essa corrida de faculdade e o trabalho da minha mãe, ter um animal de estimação não parece uma boa ideia, então o plano de trazer um gatinho de volta à casa está guardado para depois.

Também quero comprar uma casa do jeito que a minha mãe imagina. Na verdade, tudo o que ela "imagina" é uma casa com piscina (mamis ama água), então não terei que fazer tanto esforço. Também queria dar à minha avó uma casa com um quintal enorme onde ela possa ter todas as plantas e cachorros que desejar.

Tem algo que se configura mais como vontade do que sooooonho mesmo. Tenho na internet um amigo chamado Pedro, que é uma das pessoas de quem mais gosto por aqui (não sei se por ele ser monossilábico ou apesar disto). Ele é bem novo, tem 16 anos e fala como se tivesse 9. É minha única companhia no amor pelos filmes antigos de Bollywood, e muitas das legendas que já fiz foram apenas porque ele queria ver os filmes. Queria sempre ter tempo para poder fazer as legendas dele, mesmo quando estiver formada e trabalhando. É, esta é uma das vontades mais simples. Agora, um sonho em relação ao cinema indiano envolve o Pedrinho e mais um monte de gente: um encontro nacional da QCINB (Quero Cinema Indiano no Brasil). Eu costumava sonhar muito com um encontro entre as meninas do mundo blogueiro, mas todas fomos sumindo. O encontro da QCINB me parece mais possível, e consigo imaginar um dia em que todos fiquemos vendo filmes, cantando karaokês de Bollywood, dançando e brincando. Só de imaginar, já me divirto!

Um encontro QCINB assim seria lindo!

Para terminar a linha de sonhos, um já realizado: fui ao show do Paul McCartney. Foi o dia mais feliz da minha vida, a emoção superou muito (e durou mais!) que a aprovação no vestibular. Isto é bonito demais para eu falar apenas "por cima", então farei um post em separado sobre o dia mais mágico da minha vida. Da minha, não, das nossas! Klô estava lá comigo e jamais fomos tão felizes.

Agora, peço licença para ir trabalhar na realização dos meus sonhos.