segunda-feira, 25 de julho de 2011

Mel & Joss

Durante minhas longas viagens de ônibus pelo Rio de Janeiro, meu celular é meu companheiro mais constante. Desde que meu MP4 ficou ruim (com 2 meses de uso), meu Samsung velhinho é o único ao qual confio minhas músicas. Nele ficam marcadas minhas fases: uma semana repleto de músicas indianas, uma só de Beatles, uma só de bandas de indie rock, outra só de indie pop...se eu tivesse anotado as músicas que coloquei nele a cada semana, teria uma boa ideia de como estava meu humor em cada uma.

Venho descobrindo minha feminista interior nos últimos tempos e na última semana, comecei a explorar as cantoras no meu Windows Media Player. Não é uma super manifestação feminista (até porque estou só começando), mas realmente comecei a me perguntar o que as mulheres andam dizendo. Ouço pouco o que cantam as cantoras nacionais, confesso que as acho um pouco repetitivas (apesar de adorar várias, como a Roberta Sá e a Mariana Aydar). Lembro até de um tweet no qual dei retweet (modernosa) que diz algo como :"Estou de saco cheio dessa mulherada de vestidão cantando Chico Buarque". Todo o mundo anda cantando coisas tão iguais, tão "Sou neguinha e gosto de ir pro samba com minha saia rodada", que perdi um pouco do interesse por música nacional.

Duas moças andam fazendo meus ouvidos: Joss Stone e Melanie Fiona. A Joss já é famosona, mas nunca havia chamado muito a minha atenção até eu pensar "ei, que tal ouvir estes discos que tenho há dois anos no pc?" e sentir o amor começar a nascer. A Melanie é uma cantora canadense cuja carreira é relativamente nova, tendo lançado seu único álbum até agora, The Bridge, em 2009. As duas tem o maior estilo de quem passou a infância ouvindo a Aretha Franklin, mas os sons são diferentes. A Melanie é um pouco exagerada e enche as músicas de "YEEEEEEEEAH, OOOOOH, UHUUUUUUH" gritados, enquanto a Joss também tem vozeirão, só que canta de um modo mais tranquilo. Mas no álbum da Melanie não há apenas músicas gritadas. Monday Morning, sua música mais famosa ,tem pouco (ou nada) desses exageros. No geral, as duas tem vozes maravilhosas.

Quanto às letras, costumam ser sobre amor. Amor, relacionamento, amizade, sempre isso. Uma das músicas mais gritadas e uma das minhas favoritas da Melanie, It Kills Me, tem uma das letras que mais detesto na vida. Ela basicamente fala sobre o quanto o homem que ama a traiu e briga com ela, mas que sem ele não pode viver. Ao mesmo tempo em que acho horrível, sei que tem muita gente por aí cuja auto-estima chegou a um nível tão baixo que esta música faz todo o sentido em sua vida. Lembrei agora de uma amiga minha que parecia à beira da morte quando descobriu que o namorado a havia traído (foi muito triste). Uma das piores partes da música:

"Será que eu devo pegar o celular dele, e ligar pra esta menina
Fazer um 'shhh' e depois desligar?
Ou devo ser uma dama
Oooh, talvez porque quero ser a mãe dos filhos dele?"

Ao mesmo tempo em que canta isto, também tem Give It To Me Right, que me diverte muito. Algumas partes da tradução, retiradas do Letras.Mus.br:

"Eu acho que você não entende
Se você não pode me satisfazer, eu conheço alguém que pode
Me dê direito
Ou simplesmente não me dê

Essa é a vida real, baby
Essa é a vida que me faz dizer

Essa é a realidade, baby
Quando eu estou sozinha, eu posso me fazer dizer  *nota: minha parte favorita
Yeah yeah, yeah, yeah, yeah"


Quanto à Joss: como demorei tanto para conhecê-la/amá-la? Esta já lançou de tudo, mas estou ouvindo seus discos com calma. Ainda estou grudada ao Mind, Body & Soul. Até o momento, minha música favoria é Right To Be Wrong, que acredito ter sido composta pela própria Joss. Olhem que incrível:

"Eu tenho direito de errar
Já me seguraram por muito tempo
Eu tenho que me libertar
para finalmente respirar
Tenho direito de errar
Cantar minhas próprias canções
E posso ficar desafinada
Mas com certeza me sinto bem assim
Tenho direito de errar
Apenas me deixe em paz"

Antes de ser fã como agora, a música que mais gostava dela era You Had Me. Lembro de ficar torcendo para o clipe passar na MTV. Spoiled é uma que tocava no aleatório do PC e eu adorava, mas nunca parava para refletir sobre (na verdade, nem sabia o nome). As duas continuam favoritíssimas. Notei que também costumo cantarolar Don't Cha Wanna Ride? do nada.

Coloquei links para as músicas nos nomes de cada uma. Quando conhecer mais gente que valha a pena mencionar, compartilharei aqui!

domingo, 10 de julho de 2011

Sobre Rory, Lorelai, Carol e Eliz


Minha mãe e eu sempre fomos apaixonadas por séries. Desde pequena, tenho lembranças de nós duas assistindo-os em horários dos mais diversos. Ia desde aqueles das manhãs de domingo do SBT até Hilda Furacão (sim, minha mãe deixava uma criança de sete anos assistir àquilo). 

Dentre todos, Gilmore Girls é o mais importante para mim. A história do seriado é muito simples: Rory (Alexis Bledel) é filha de Lorelai (Lauren Graham). As duas vivem na pequena cidade de Stars Hollow e conseguem levar uma vida feliz e independente dos pais de Lorelai, que sempre estão em conflito com a filha, que engravidou aos 16 anos. A relação das duas é muito legal: são unidas, mas não amiguinhas. A relação mãe-filha não se perde ali. Uma tira sarro da cara da outra constantemente, e ambas vivem em seu próprio mundo de músicas, filmes, seriados e programas de televisão inúteis. Conheço pessoas que acham o seriado muito chato porque nada de muito importante acontece, mas a minha própria vida tem aquele ritmo tranquilo, então acabo até gostando dessa característica.

Eu relutava em aceitar isto quando era mais nova e sinto um pouco de vergonha em contar isto às pessoas porque me faz parecer meio boba, mas minha mãe e eu somos parecidas com a Rory e a Lorelai. Minha mãe me teve muito cedo e tudo ficou ainda mais difícil quando meu pai morreu, então estava a tornar-se adulta ao mesmo tempo em que criava outra pessoa. Esta (infelizmente) é uma situação bem comum, e por si só não serve para explicar porque vejo tanta semelhança entre minha mãe e a Lorelai. Pois bem, o que me tocava tanto em relação à Lorelai é que ela decidiu criar a filha do seu próprio jeito, não desanimando em passar seus valores à ela mesmo com toda a pressão externa para que fizesse tudo de modo diferente. Para ela foi mais fácil por ter ido morar em um lugar onde ninguém pudesse importuná-la, já a minha mãe tentava fazer a mesma coisa dentro da casa dos pais. Meu avô sempre foi tranquilo, mas a minha avó (por mais que eu a ame) sempre dificultou a vida da minha mãe, e fazia de tudo para que eu a amasse mais e fizesse tudo ao seu modo. No meio da bagunça de uma casa sempre cheia, minha mãe conseguiu fazer com que eu amasse estudar (como ela própria), que a leitura fosse meu passatempo favorito (hábito que só ela tinha), até mesmo com que eu fosse mais calma (só entende quem conhece minha efusiva família). Ela sofreu, nem queiram saber quanto (e como).

Assim que comecei a assistir ao seriado, logo senti uma ligação com a Rory. Ela era estudiosa, meio idiotinha, tinha crises existenciais porque nunca conseguiria ler todos os livros do mundo, seu maior sonho era ir à universidade. Por falar em universidade, mais uma ligação Eliz-Lorelai: assim como a Lor, minha mãe sempre sentiu um vazio por não ter frequentado a universidade, mas colocava toda a sua felicidade na possibilidade de sua filha consegui-lo. Lembrei de uma coisa bonitinha. Às vezes chego ao campus de manhã e ao atravessar os portões, sinto uma sensação muito boa, de trabalho de uma vida inteira sendo realizado naquele lugar. Aí chego em casa e ao contar à minha mãe, costumo dizer que "nós conseguimos". Não digo isto só por dizer, pois sei que tudo foi resultado do meu esforço combinado à base que ela me deu para que eu pudesse me desenvolver. Ninguém está sozinho.

Agora, se há uma coisa que tanto me faz sentir que Rory e Lorelai são parecidas com Carol e Eliz, são as conversas. Gilmore Girls é uma série cujo principal apelo está nos seus diálogos rápidos e engraçados, e as nossas conversas são assim (é claro que só nós achamos graça, mas tudo bem). É que a Lorelai é aquela das ideias loucas, enquanto a Rory só faz cara de "tá bom, mãe", e assim somos nós. Minha mãe é toda jovial, simpática, extrovetida e imaginativa, enquanto sempre fui tranquila, estraga-prazeres e a voz da realidade (e da consciência) dela. Este sistema era meio difícil quando eu era mais nova, mas confesso que funciona.

Costumo me identificar muito com personagens que sejam tudo aquilo que eu queria ser, mas os que realmente me batem forte são os que parecem comigo. Ando escrevendo bastante sobre a intensidade que o sentimento de reconhecimento nas Artes pode ter ("aquilo ali sou eu") sobre mim, e era bem isso que eu tinha com Gilmore Girls. Não digo que minha vida era idêntica àquilo, mas o que mais importava nela era parecido, então me marcou muito. Passei uns 2 anos baixando o seriado e tentando terminar de assisti-lo, o que aconteceu há poucos meses. Até agora sinto um certo vazio ao procurar outras coisas para assistir, já que passei tantos anos sentadinha vendo aquilo com a minha mãe (acompanhamos até de madrugada!). Pena que minha mãe não pôde terminar de assisti-la comigo por falta de tempo.

O que posso fazer agora é continuar vivendo novas experiências que me constituam, para que me reconheça em histórias de vida cada vez mais diferentes.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O show do Paul!

"Mas Carol, é julho! De que adianta você falar agora de um show que aconteceu em maio?"

Ah, mas tenho minha arma secreta da memória: meu diário! Com minha doce e irregular letrinha, nele registrei as sensações que tive após o dia mais bonito da minha vida. Acho que um momento tão especial não poderia deixar de ficar marcado também aqui, e com a emoção do momento. Nunca compartilhei tanto do meu diário em local público, logo...ah, saibam que isto é especial.

Então, com pequenas modificações, apresento a vocês a Carol-pós-show-do-Paul-lifestyle. Pareço ter 10 anos, dois neurônios e 10.0000 hormônios, mas tá valendo.


Terça-feira, 24 de maio de 2011

ONTEM, FUI AO SHOW DO PAUL MCCARTNEY! DO MEU AMOR! DA LUZ DA MINHA VIDA! PAUL, EU TE AMO MUITO! Estou quase chorando ao escrever isto. Eu deveria ter escrito sobre isto antes, mas ando com cada vez mais preguiça de escrever.

Eu e Klô chegamos na fila às 10:00, sendo que o show começaria às 21:30. Achamos que haveria um monte de gente na fila, mas só havia seis pessoas na nossa frente! Passamos o dia todo lá conversando com as seis meninas da frente. Ficamos mais próximas das duas irmãs que moram em Fortaleza, uma se chama Camila e nem sei o nome da outra. Elas são muito inteligentes, simpáticas e gentis. Fiquei feliz em conhecer gente assim.

Lindo foi ter passado o dia todo conversando sobre Beatles com pessoas que também sentem o coração disparar ao ouvirem as músicas deles. Discutimos sobre a Yoko, o fim da banda, as diferenças entre as duas fases, os melhores discos músicas de que gostamos ou não. É incrível demais cantar You Can't Do That com pessoas que não só conhecem a música, mas sabem cantar cada improviso do John.

Depois de sete horas e meia, os portões foram abertos e entramos no Engenhão às 17:30 para esperar o momento mais lindo das nossas vidas. O show começa com um vídeo longo que mostra imagens de todos os momentos da carreira do Paul — dos Beatles antes do sucesso até depois dos Wings, sendo sempre aquele lindo. Aí, ele chegou. A minha vida, minha luz, o meu amor chegou (nota: é notável o número de pessoas que chamo de "minha vida"). LINDO. Terno preto, aquele sorriso tranquilo, a voz angelical. Olhei para ele ali, tão perto de mim, e sentia como se estivesse recebendo uma bênção. Gritava mais do que jamais havia gritado. Dizia que o amava, que ele era lindo...tudo o que eu conseguisse verbalizar daqueles pensamentos e sentimentos loucos em mim. Imaginei tudo, menos que o meu amor fosse começar o show com Magical Mystery Tour! Gritei e pulei até perder as forças, cantando até a rouquidão! A primeira música passou voaaaaaaando.

Foi muito legal cantar Jet, porque é uma música que faz as pessoas pularem. Maaas saí mesmo de mim com Band On The Run e Mrs. Vandebilt. AMO essas músicas e era louca para ouvi-las ao vivo, especialmente Band, que soa como três músicas em uma. Mrs. Vandebilt, acho o máximo, sei lá porque, Uma vez procurei vídeos dela no Youtube, encontrando um ao vivo. Alguém havia comentado que era raro o Paul tocá-la, o que me deixou desde então com esta vontade de vê-la ao vivo. MÁGICO. O "ho, hey ho!" perfeito, tudo lindo.

Chorei em Hey Jude e foi engraçado: enquanto olhava para o Paul sentado ao piano a tocá-la, em minha mente começaram a se misturar as imagens do próprio clipe da música, que é engraçado (principalmente quando entra aquele bando de gente) e que  amo (o Paul está lindo nele). Percebi que era como se estivesse perto de tudo aquilo que só via em vídeo, daí foram mais lágrimas. Aliás, lágrimas eram minha segunda reação favorita no show. Só perdiam para os gritos.

Me animei muito em Day Tripper, mas estou achando que meu momento favorito foi quando o Paul perguntou se queríamos mais rock, respondemos que sim, começou a guitarrinha e...AAAAAAAH, HELTER SKELTER! MEU DEUS, HELTER SKELTER!  Cantei tão alto que estava prestes a explodir. A banda do Paul é absurdamente sensacional, TODA ela arrasa muito. O baterista estava felizão, devia estar se divertindo no Rio.

Quando tudo acabou desabei mais uma vez. Não sei bem se acredito em Deus, mas era a Ele que ficava agradecendo sem parar, com o rosto entre as mãos e a tal da alma elevada. "Obrigada, meu Deus, obrigada, meu Deus, obrigada, meu Deus!". Fiquei pensando que eu tinha de estar ali, que era para mim, que era incrível poder viver sentindo aquela sensação de desligamento do corpo que eu estava experimentando. Voltei cantando, tomei banho cantando, deitei cantando. Só senti realmente o peso do cansaço na aula do Cabral.

Sinto-me tão feliz que nem a gracinha da minha orientanda ter faltado de novo e me deixado aqui esperando DE NOVO vai me desanimar. Agora vou dormir, já que minha conscência finalmente se deu conta de que meu corpo não é movido a Paul McCartney, e preciso finalmente descansar. Sendo assim, até a próxima!