domingo, 22 de setembro de 2013

Gripes e Bombas

Já é costume eu sumir daqui, dar as caras uns meses depois e contar sobre como a vida está corrida com a faculdade, estágios e blá blá blá. É claro que isso não seria diferente no meu último semestre, mas o conteúdo do que me ocupa ficou um pouco, digamos...diversificado ultimamente.

Tenho uma vida simples. Mantê-la assim é meu plano de vida, só quero vivê-la de forma mais confortável e sem tantas preocupações. Estudo, leio uns livrinhos legais, ouço música, vejo novela quando dá; enfim, nada muito diferente do que outras pessoas da minha idade fazem. E assim continuei desde que entrei para a faculdade. Daí agora, no último ano, duas coisas surgiram para embaralhar minha vida: os protestos e o amor.

Sim, senhoras e senhores. Inalei gás lacrimogêneo e fiquei apaixonada — deixarei a seu critério a escolha da situação mais perigosa. Ainda não sei como fui me meter em nenhuma delas. Os protestos de junho foram bem inesperados. Decidi ir no primeiro meio que de curiosidade, o movimento ainda não tinha a repercussão que ganharia depois. Acredito que uns mil estivessem presentes. Só fui porque nada tinha me deixado tão movida até o momento quanto a causa do aumento abusivo das passagens. Parece estúpido, mas só quem pega o meu ônibus diariamente entende o absurdo que é pagar por aquilo, que dirá pagar ainda mais. Foi meu primeiro protesto e minha amiga-militante-badernista teve de me convencer a não desistir. Agradecerei eternamente pela experiência, já que me deu coragem para ir às ruas lutar pelo que acredito. Fui a outros pela mesma causa e também ao ato contra o Estatuto do Nascituro, além da Marcha das Vadias. Para os meus padrões, é muita coisa. Não saio de casa nem que a forma aperte.

Já o amor...ah, sei lá. Eu já notava o moço há tempos, mas era da mesma forma que notava outros. Aí falei um pouco mais com ele e vi que o moço era legal. Não, era muito legal. O mais legal de todos os moços! Quando me dei conta, não tinha mais um pingo de concentração, dormia ainda pior do que antes, só sabia pensar/falar disso e, a pior parte: respirava mal de tanto suspiro (já não respiro muito bem, então apenas imaginem). Constrangedor, mas é história real. Eu sabia que estava idealizando, que ele até era legal, mas estava bem longe da imagem de rapaz-mais-fantástico-do-mundo, só que eu não sabia o que fazer. Falar com ele não era opção séria, minha ansiedade não dá conta disso. Aí eu decidi esperar passar e fiquei triste. Muito triste. É que demora pra passar, né? Não sabia que era tanto.

Ambas as situações trouxeram coisas boas, sendo a principal o aprofundamento de algumas amizades. Nem sabia que eu gostava tanto de alguns amigos, até esse momento em que me deram colo, pão-de-queijo e acolheram a minha fossa. Desafiaram bonitinho a minha crença de que não dá para contar com as pessoas. Outra coisa curiosamente interessante foi descobrir minhas reações perante situações complicadas. Quando a polícia vinha, eu corria como se tivesse nascido para isso (agora tira isto da minha cabeça). Quando o moço vinha, todo o ar sumia do ambiente, eu sentia um soco no estômago e começava a falar as coisas mais estúpidas do mundo (é doloroso ser tão idiota quanto qualquer pessoa apaixonada). Houve uma época em que cheguei a ficar repassando todas as minhas reações corporais do dia enquanto voltava para casa. Descobri que é como uma gripe forte. Espero que isso seja um sinal do meu super e observador espírito científico.

O ruim de tudo foi minha pacata vida ter se alterado mais do que minha capacidade de processamento dá conta em pleno momento de monografia. Ela está atrasadíssima, aliás. Lição que tirei do ano: protestar e amar acabam com meu talento acadêmico. Pelo menos não me sinto estúpida protestando.