quinta-feira, 28 de junho de 2012

Carolzita no fabuloso mundo do papel contact

Ontem chegou pelo correio um livro que queria já há uns dois anos. Abri o pacote e ele estava lindo, cheiroso, novo em folha. Só que a capa é mole e fiquei preocupada: como conservá-lo? Tive medo de que acontecesse o mesmo com uns livros da Penguin que venho comprando. São mais baratos, mas a capa é tão frágil que é isto o que acontece:


Isto me incomoda muito, e olha que sou das pessoas menos preocupadas com livros "bonitos". Se alguém devolve um livro meu com uma orelha ou outra , alguns amassadinhos e desculpas, nem esquento a cabeça. Digo isso porque já vi gente chorando quando viu que seus livros estavam com amassados (esta é a palavra?) mínimos, estando o conteúdo das páginas em perfeito estado. Minha questão é que os livros durem o máximo possível, e capas caindo não fazem parte deste cenário. 

Querendo proteger meu novo filho livro, lembrei que a bibliotecária da minha escola sempre encapava os livros da biblioteca com um plástico transparente, que uma amiga me disse se chamar papel contact. A bibliotecária sempre encapava de um modo que fazia o livro ficar com uma ponta dura que invariavelmente me arranhava, mas funcionava. O livro durava. Então, fui na lojinha ali de baixo e comprei muuuito papel contact para encapar o livro novo e todos os outros que precisassem de proteção.

Acho que nunca comentei aqui sobre o quanto sou horrível com trabalhos manuais. Toda a matéria-prima do mundo agradece aos céus por eu não tentar fazer artesanato, mas o papel contact não teve tanta sorte e cismei que queria encapar o livro sozinha. Minha mãe quis que eu deixasse a função com a minha avó - que é ótima nessas coisas -, mas um senso de independência que não me vem para trabalhos domésticos tomou conta do meu ser. Eu ia encapar aquilo e ia arrasar!

Claro que olhei para o papel contact e não tive ideia do que fazer. Minha mãe também não sabe fazer isso e tive que pedir ajuda ao amigo de todos, sempre presente: Youtube. Encontrei este vídeo de uma mulher maravilhosa, generosa e salvadora de dinheiro investido em papel contact. Sofri bastante com a parte de cortar o papel sem encostar no plástico, e a dificuldade foi aumentada por ter feito o trabalho na bandeja do teclado, em vez de na mesa da sala. Ainda assim, consegui! É claro que não ficou perfeito e lisinho, mas eu só queria meu livro protegido mesmo.


Na foto seguinte não dá para ver quase diferença nenhuma e não coloquei o livro na mesma posição porque a foto de antes foi tirada ontem, quando eu não tinha pensado em escrever sobre este assunto tão importante.


A moral do dia é: não há papel contact que derrube a força de vontade.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Hora de me pensar

Escrevo diários desde 2006. Antes escrevia quase diariamente, agora é lucro se apareço uma vez por mês. Porém, há uma atividade iniciada com meus diários que nunca abandono: minha auto-reflexão de fim de ano. Ela não precisa ser necessariamente no diário, já até fiz algumas aqui ou apenas fiquei deitada pensando. Reflito sobre tudo o que fiz e aconteceu comigo, se estou satisfeita, o que poderia melhorar, etc. Ao fim do ano passado, que foi dificílimo, estava feliz comigo mesma e tinha muitos  planos para 2012. Já 2012 está tão diferente que o processo de me pensar já começou agora, no meio do ano.  

Não quero e nem vou citar nomes e fatos, apenas resumir o que vem ocorrendo: as pessoas estão se decepcionando comigo. Já sentiram raiva de mim na escola, mas não foi nada intenso. Já me acharam várias coisas. Mas decepção é uma coisa rara. Na verdade, tem muita coisa que ainda não experimentei dos outros em relação a mim por ter vivido uma infância e também uma adolescência focadas demais na minha vida adulta. Sendo assim, tive contato com poucas pessoas. Não consigo lembrar de um momento anterior em que havia tanta gente decepcionada comigo. E olha, está sendo difícil de lidar. São decepções por motivos diferentes e venho analisando tudo minuciosamente. Errei feio em uma delas, mas ao mesmo tempo senti um fundo de incompreensão do outro lado que não parece que vai sumir tão cedo. Na outra situação, a inflexibilidade da outra parte é tão assustadora (infinitamente mais que na primeira) e há uma interpretação tão torta das coisas que nem sei se um dia poderá ser resolvida. Na duas, concluí que há partes em que tenho razão e outras em que não. Só que não sei o que fazer a partir disto. É uma sensação assustadora. Quebrei a confiança total das pessoas, ou foram só expectativas pontuais com relação a mim? Já que não são amigos próximos e não dá para abordar o assunto, o que é que eu faço? Como ajo com essas pessoas a partir daqui? Tudo vai mudar? Virei outra pessoa aos olhos delas?

No meio deste processo de conhecer a decepção do outro, acabei descobrindo um novo nível de sensibilidade em mim. Não conseguia dormir direito, pensando e repensando sobre tudo isso por horas a fio, até pegar no sono. Chorei onde pude e onde ninguém pudesse ver, tentando me esvaziar desse peso todo. Gastei todo o meu tempo de terapia tentando me deixar convencer pela minha psicóloga de que meus pensamentos estavam distorcidos. Deixei de estudar coisas que amava e que não amava por não conseguir focar minha atenção nos textos por cinco minutos que fossem. Escrevi, escrevi, escrevi. Nas notas do celular, no registro de pensamentos, no diário, em inboxes do Facebook, aqui. Pensei bem mais do que escrevi. E não me abandonaram totalmente aqueles malditos pensamentos de que eu era horrível, de que não merecia a confiança das pessoas, de que não merecia nem que alguém gostasse de mim, de que as pessoas estavam me mostrando o que eu não sabia - que não apenas estou, mas sou toda errada -, de que eu deveria apenas ficar quieta no meu quarto.

As piores coisas de tudo isto são saber que isto é ó um drama desta minha cabecinha repleta de pensamentos disfuncionais e que as pessoas não devem passar nem um terço do tempo que gastei sem dormir por isso pelo menos pensando sobre o ocorrido. Isto tudo foi uma pedrinha em seus caminhos e uma montanha no cotidiano da recém-coroada Miss Sensibilidade 2012. Pela primeira vez em muito tempo, eu queria voltar no tempo e fazer diferente, pelo menos em uma das situações (sei que não mudaria nada na outra). Não que isto fosse mudar os problemas mais profundos que ela trouxe à tona, mas pelo menos eu poderia acordar sem pensar nessa bobagem toda e já me sentir triste desde o primeiro minuto do dia, não? Eu já era evitativa, agora estou começando com essa mania de fuga.

Apesar de ainda não estar lá muito bem, estou feliz por estar começando a pelo menos sair daquele estado de não querer levantar, sair, pensar ou comer direito. Vou ter de confessar que fiquei assustada comigo e senti medo por mim. ''Se perdi a vontade de fazer qualquer coisa por algo tão pequeno, como vou ter forças quando acontecerem coisas maiores?''. É, ainda não sei. Conhecer as pessoas de verdade sempre vai me reservar surpresas.