Durante esta semana eu estava conversando com a Ana, minha colega de turma e parceira de estágio (uma linda) sobre a diferença do como nos sentíamos no início da faculdade e agora. Percebi nela uma ansiedade muito parecida com a que eu tinha até uns dois períodos atrás: um medo de gostar do que se gosta. A questão é que gostamos do que estamos fazendo agora por muitas razões, sendo uma delas o fato de nos sentirmos seguras com isto. Muitas das teorias em Psicologia parecem "viajadas" demais, no sentido em que falam das pessoas como se fossem uma coisa meio etérea, poética, um treco flutuando no ar. Ainda tenho a vantagem de pelo menos gostar de ler sobre estas coisas (diferentemente dos meus amigos), mas não quero — e sinceramente, nem imagino como — trabalhar com isto. Na nossa área (Terapia Cognitivo-comportamental) é tudo muito mais prático, e o pessoal mais poético (quem lê acha que nem leio poesia) acha horrível. Mas acho os textos dessas outras bonitos, gosto de lê-los e concordo com muita coisa.
O problema surge quando a gente se sente mal por gostar do que gosta. Desde o 1º período, as pessoas ficam enfiando na nossa cabeça que não podemos ser dois istas: reducionistas e positivistas. O povo chama qualquer coisa de positivista. QUALQUER COISA. Você fala que gosta de Neurociência? Positivista. Você diz que acha o corpo importante? Positivista (ó, maldito positivista!). Você diz que o cérebro existe? Positivista, seu positivista! Acho muito triste isto, porque acabo sentindo até medo de conversar com várias pessoas por causa destas reações. Não sou do tipo que lê muito sobre tudo em Psicologia para ter altos argumentos, sem contar que acho a maior gracinha ver cada pessoa da minha turma seguindo seu caminho, e são muitos os caminhos na Psicologia. Odeio Psicanálise, por exemplo, mas tem uma menina de quem gosto muito que está apaixonada pela área e apesar de fazer cara de "blé!" e rir quando ela conta de como acha incrível, fiquei feliz com isto. Ela é tão boa, tão humana, tão esforçada! Olho para ela e percebo que fará boas coisas na sua área. Ela deve sentir naquela área que me apavora a mesma segurança no futuro que sinto ao olhar para a minha. Cada uma na sua, ninguém pior por ir por um lado ou pelo outro.
Não que eu seja uma santinha que respeita o mundo todo e acha que todas as áreas sejam úteis e maravilhosas — tem umas coisas que me pergunto pra que criaram aquilo. Mas não gosto quando dizem que não respeito o ser humano, que tiro a beleza da vida (ok, ninguém disse isso), que blá blá blá. Sabiam que também vejo beleza no que faço? Que leio aqueles textos muito mais fáceis da minha área e também os acho lindos? Consigo olhar para aquilo e ver a mudança que pode fazer na vida de uma pessoa, principalmente por elas terem acontecido na minha. E foram boas, gente. Sem contar que eu precisava delas, ah como precisava! Só queria que respeitassem o bem que me fez e o que pode fazer aos outros.
Tinha muito medo de gostar disso tudo (Neuropsi e TCC), mas felizmente tudo se acalmou dentro de mim no 5º período e estou muito feliz. Espero que a Ana também consiga perder o medo de amar o sentir-se segura, já que ela é incrível e será uma psicóloga sensacional assim que entender que tem que respeitar seus próprios desejos. Acho que é sempre difícil se aceitar.
Bom domingo!
Ouvindo: Madhubala, cantada por Ali Zafar e Shweta Pandit. É da trilha do filme Mere Brother Ki Dulhan, por cuja estreia estou cada vez mais ansiosa!
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