quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agora, com vocês: meus novos sonhos!

Há vezes em que dou uma olhada passageira aqui pelo blog e fico meio triste. Desde que meu tempo ficou escasso, postei muito pouco e quando postei, era somente para comentar sobre as minhas angústias. Poxa, aconteceu tanta coisa desde o meu tempo de escola até aqui! Pode ser que eu não deixe muito claro, mas sou feliz, gente! Muitas vezes, dizemos que queremos escrever para "nos expressar", mas é bom lembrar que nem só tristeza se expressa. Este post é o meu protesto contra a supremacia dos meus posts tristes!

Pelo que me lembro, as últimas notícias que dei sobre a minha vida foram sobre minha falta de perspectiva e meus sonhos de infância. Bastante coisa mudou.

Em primeiro lugar, não estou mais perdida na faculdade. Gosto de Neuropsicologia, ponto. Arrisco até mesmo dizer que quero Neuropsicologia. Não me importa se me acham determinista, se minha nota em Fisiologia I foi 5.1, se repeti Embriologia...nada está me assustando a ponto de me fazer desistir, e esta coragem me fez ver que entendi meu caminho. Perto disto, comecei a me interessar por TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), porque uma professora que admiro muito(mesmo) segue esta linha e achei tudo o que ela apresentou muito legal. É claro que tenho minhas dúvidas em relação à TCC, porém já notei que sempre terei dúvidas em relação a qualquer coisa...minha mente questiona muito. Assim que esta professora abriu vagas em seu estágio, participei da seleção, mas não senti muita segurança em minha entrevista (fui mal nas matérias que eram pré-requisitos). Este é um post sobre felicidade, então vocês já imaginam que fui aprovada. O melhor: eram quatro vagas, e somos quatro amigos interessados nisto. Três de nós conseguimos, e um ficou de fora. Na última semana, soubemos que o garoto que havia entrado decidiu sair, e o nosso amigo o substituiu. Fiquei tão feliz! Agora somos o grupinho feliz da TCC, vamos usar roupas iguais e andar sempre de braços dados. Se alguém levou a última frase a sério, desistirei da ironia.

Gostando de Neuropsicologia e TCC, já sei quais matérias quero cursar, com quais professores quero estagiar, as palestras que quero assistir, os livros que desejo comprar, os cursos que quero fazer e até penso em algumas pretensões na faculdade após a graduação (pós, mestrado, doutorado). Para mim, isto tudo está passando bem longe de "falta de perspectiva".

Os sonhos, os sonhos...ah, como são bonitos! Quando pequena, meus maiores sonhos eram ser formada em algo e ter uma família feliz. Cortei (ao menos temporariamente) a parte da família feliz porque não penso em ter um relacionamento tão cedo, e sabemos que o sonho da formação está em construção. Agora, estou notando os novos sonhos. O mais básico é que quero viajar, e sozinha. Meu primeiro lugar de interesse há vários anos é a Inglaterra, onde acho que posso estudar bastante. Ah, essas minhas viagens serão também para estudo; tenho preguiça de sair de casa só para curtir um turismo despreocupado. Como a TCC é muito forte no exterior, posso fazer boas formações e conhecer abordagens diferentes. Além disto, meu interesse é por muita coisa dentro da Neuropsicologia, então não preciso ficar me prendendo à TCC.



Às vezes penso em ir à Índia, mas não sinto uma vontade de estar lá tão grande quanto a dos meus amigos fãs de Bollywood. Sinto muita vontade de ir ao Punjab para brincar de tujhe dekha to ao vento, mas isto é mais uma brincadeira do que um plano. Taí: se há um lugar onde eu faria puro turismo, é a Índia.

Depois de viajar para estudar tanto quanto puder, meus outros sonhos são mais simples. Quero um gato, mas não um gato qualquer! Tem que ser um gato maneiro, como minha mãe e eu dizemos. Temos a bela habilidade de criar animais engraçados, e nossos gatos não são aqueles gatos chatinhos que tem como capacidade mais engraçada subir em cima da cama e dormir. Os nossos gatos não apenas sobem na cama, como exigem ficar no edredom mais macio. Nossos gatos ficam passeando na estante de casa para chamar a atenção das visitas. Nossos gatos exigem dormir entre nós duas  para receber mais calor humano. Todas estas eram as características do nosso gato mais legal, só que nossos cachorros também eram assim, então sabemos que somos maneiras e que os nossos gatos também o são. Com essa corrida de faculdade e o trabalho da minha mãe, ter um animal de estimação não parece uma boa ideia, então o plano de trazer um gatinho de volta à casa está guardado para depois.

Também quero comprar uma casa do jeito que a minha mãe imagina. Na verdade, tudo o que ela "imagina" é uma casa com piscina (mamis ama água), então não terei que fazer tanto esforço. Também queria dar à minha avó uma casa com um quintal enorme onde ela possa ter todas as plantas e cachorros que desejar.

Tem algo que se configura mais como vontade do que sooooonho mesmo. Tenho na internet um amigo chamado Pedro, que é uma das pessoas de quem mais gosto por aqui (não sei se por ele ser monossilábico ou apesar disto). Ele é bem novo, tem 16 anos e fala como se tivesse 9. É minha única companhia no amor pelos filmes antigos de Bollywood, e muitas das legendas que já fiz foram apenas porque ele queria ver os filmes. Queria sempre ter tempo para poder fazer as legendas dele, mesmo quando estiver formada e trabalhando. É, esta é uma das vontades mais simples. Agora, um sonho em relação ao cinema indiano envolve o Pedrinho e mais um monte de gente: um encontro nacional da QCINB (Quero Cinema Indiano no Brasil). Eu costumava sonhar muito com um encontro entre as meninas do mundo blogueiro, mas todas fomos sumindo. O encontro da QCINB me parece mais possível, e consigo imaginar um dia em que todos fiquemos vendo filmes, cantando karaokês de Bollywood, dançando e brincando. Só de imaginar, já me divirto!

Um encontro QCINB assim seria lindo!

Para terminar a linha de sonhos, um já realizado: fui ao show do Paul McCartney. Foi o dia mais feliz da minha vida, a emoção superou muito (e durou mais!) que a aprovação no vestibular. Isto é bonito demais para eu falar apenas "por cima", então farei um post em separado sobre o dia mais mágico da minha vida. Da minha, não, das nossas! Klô estava lá comigo e jamais fomos tão felizes.

Agora, peço licença para ir trabalhar na realização dos meus sonhos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Tudo começou com o menino da boate gay...

Acho que nunca fui uma pessoa de opiniões muito fortes. Sempre fico pensando que algo que a pessoa dirá poderá me convencer, então acabo ouvindo muito e expressando pouco. Na época da escola, a questão da homossexualidade às vezes surgia nas discussões do meu grupo. Na verdade, há apenas três anos eu ainda chamava de "homossexualismo", mas já no 1º período da faculdade disseram que o sufixo -ismo traz uma ideia muito forte de doença ou transtorno, como preferirem. Uma mudança na palavra pode fazer toda a diferença, mas já aviso que me nego a mudar outra vez (homoafetividade é demais para mim)!

Era uma coisa meio complexa, porque o assunto — infelizmente— envolve muito a questão da religião e o grupo tinha três evangélicas, uma católica e eu, que tinha uma crença diferente a cada mês. Pelo que eu entendia, as meninas encaravam a homossexualidade como algo errado, simples assim. Não era uma posição exatamente agressiva, hoje vejo mais como descreveu para mim uma amiga da faculdade, evangélica: "Não deixo de ser amiga de uma pessoa por ela ser homossexual, mas não acho aquilo certo, já que acredito que Deus fez o homem e a mulher, e que os dois se completam". Antigamente, minha mãe tinha uma postura como esta, que me influenciou. Desde então, mudei bastante.

A questão é que eu não sabia o que pensar. Apesar de reproduzir a opinião acima, eu não a sentia como minha. Não conseguia pensar sozinha, mas sentia um estranhamento em relação àquela ideia do ser errado. Uma coisa que me acompanha até hoje é a lembrança de um rapaz que estudava na minha sala do 3º ano. Bem no início do ano, surgiram boatos de que ele era visto em boates gays (U-A-U!). A turma toda começou a fuxicar seu Orkut, e realmente parecia que ele andava muito por aqueles lugares. Era o assunto da sala, o motivo das risadinhas. Aceitando que fosse homossexual (nunca soube se realmente era), hoje percebo como o assunto é tão escondido, e visto como tão sujo e proibido que um bando de gente de 17 anos lidava com aquilo como se fosse a coisa mais estranha do século. 17 anos, quase os maiores de idade que logo entrariam no mercado de trabalho, teriam filhos...enfim, os que continuariam fazendo a Terra girar.

Assim que entrei para a faculdade, tive contato com muitas coisas que eu nem imaginava serem tão comuns. Gente que usava drogas, gente que era bi, gente que bebia desde a época da escola, gente que era lésbica, gente que era gay. Não apenas parece que eu estava em uma bolha — eu vivia nela, cuidava dela e me esforçava para estar na minha doce bolhinha eternamente. O que o meu mundo na bolhinha não esperava era que a exposição à toda aquela diferença fosse fazer com que a pobrezinha estourasse em menos de seis meses. Não tenho vergonha em dizer que foi a primeira vez em que realmente tive contato com homens gays (as meninas se expõem pouco), e houve um menino em especial que fez com que toda a confusão na minha mente se estabilizasse. Nunca fui muito amiga dele porque temos pouco em comum, mas o mais importante foi que, graças a ele, certos pensamentos que me assaltavam desde a adolescência finalmente se organizaram. "Ei, não acho que ele tenha algo de errado. Na verdade, ele é muito legal, além de genial. Também parece ser um ótimo amigo, e sei que sempre nos daremos bem, apesar de gostarmos de coisas diferentes demais para nos aproximarmos muito. Sério, ele realmente não tem nada de errado."

Parece bobagem, mas não foi. Minha vida mudou muito depois daquilo, já que meus pensamentos ficaram abertos também em outras dimensões. Não acho que o homem tenha sido feito para a mulher e vice-versa; acho que tudo foi por acaso (ah, se minha bisavó ouvir isto!). Amor é muito mais que reprodução, e um ser humano pode muito bem sentir amor por alguém com quem não seja possível ter um herdeiro (momento sou bióloga). Como expressar  o quanto entender a minha posição em relação ao assunto transformou a minha vida? Fazer o caminho do "nossa, que estranho" ao "isto é tão amor quanto qualquer outro que você assim chame" em curto espaço de tempo pode deixar uma mente jovem muito cansada.

Agora, aos 19 anos, a situação daquele meu amigo de quando eu tinha 17 me faz refletir tanto porque está acontecendo por aí, com vários rapazes e moças. E certamente, não são todas as pessoas que estão passando ou irão passar pela mesma mudança que a minha, e estas pessoas terão filhos que talvez fiquem com essas ideias dos pais para sempre e...bem, vai ficar nessa enrolação para sempre. Assim, gente como aquele meu colega nunca terá a possibilidade de expressar muito de si. Pensar nisto me dá uma espécie de sensação de aperto. Não gosto de imaginar pessoas sendo reprimidas para sempre. Se apenas pensar nisto me fez sentir presa, tentem imaginar como é viver nisto.

Não digo que virei detentora da verdade universal, mas afirmo uma coisa: meu olhar para as pessoas mudou de um jeito muito doce. Mesmo quando dizemos que não vamos tratar mal, nosso mais leve olhar de estranhamento pode machucar uma pessoa de uma forma incalculável. Entrei num estado de "ah, quero que todos sejam felizes e amem eteeernamente". Meio bobo e irreal, mas sincero.

O motivo de eu ter escrito tudo isto é que há poucos dias estava nos Trending Topics do Twitter a tag #OrgulhoHétero, e a idiotice de tudo aquilo foi tão grande que me fez lembrar daquele rapaz da escola e de tudo o que a sua passagem pela minha vida suscitou. Para você, que estiver lendo isto e que tenha de algum modo se sentido ofendido (a) por algo que eu tenha dito: tudo o que falei foram impressões e sentimentos construídos com base minha história de vida, então é o que faz sentido para mim. Ainda estou a me construir e sei que muito ainda irá se transformar dentro de mim, mas acredito que a pessoa sem opiniões fortes aqui está decidida pelo menos em uma coisa: o público...hum... LGBT (essas siglas confundem, mas entendi que nesta são incluídos transexuais e travestis) não só merece poder manifestar suas orientações, como não tem desvio algum. Dane-se essa maldita normalidade que fere tanta gente.

E que fique claro que, neste caso, eu (des)desatinei.

domingo, 19 de junho de 2011

[notas enquanto ouço a trilha de Guide]

No meu quarto, sentada enquanto a Lata Mangeshkar grita os versos de Piya Tose Naina Laage Re em meus ouvidos. Não gostava muito da sua voz, Lataji. Na verdade, acho que comecei a gostar somente depois de um grande esforço. Tinha que ter a voz tão fininha? Ah, talvez vai que tinha.

Ai, começou Aaj Phir Jeene Ki ! Mais uma da trillha de Guide, talvez o filme que me deixou nesse amor eterno pela Waheeda. Lembro que a legenda não tinha tradução para as músicas e eu estava bem no começo dessa coisa de Bolly, mas só de olhar a Waheeda correndo pelos campos com os braços abertos e sorrindo daquele jeito lindo, entendi que estava cantando algo sobre estar livre. Aaaaah, como a Waheeda é linda! Quem sabe, o fato de a voz da Lataji ter feito parte de tantos momentos bonitos de filmes tenha feito com que eu gostasse dela.

Oooooh, Gaata Rahe! Uma das minhas coisas favoritas dessa música é brincar de gritar GAATA RAHEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE durante 1 hora, até chegar o breve "...mera dil" que complementa. Nhaaa, adoro o Kishore Kumar também. Quando briguei com o Pedro, tive mais certeza do que nunca que O Saathi Re era minha música de fossa. Pena que a voz do Kishoreji tenha envelhecido com o passar dos anos (já está meio estranha na trilha do Amar Akbar Anthony), mas já está bom demais a voz dele ter me dado meu GAATA RAHEEEEEEEEEEEEEEEEEE e minha música de fossa, pô.

Uau, música do S.D. Burman. Um ninguém na minha vida enquanto cantor, amor eterno enquanto produtor. Acho que a própria trilha do Guide é dele.

Ih, Tere Mere Sapne. OK, agora entendi porque o filme de 1971 se chama Tere Mere Sapne. O safadeenho do Dev Anand quis se aproveitar da fama do Guide, hum? Mandou bem.

Mais uma aleatória: Kya Se Kya Ho. Será que alguém responde "Ah, claro que é Kya Se Kya Ho" quando perguntam qual é sua música favorita? Me parece responder "Ah, claro que é Chains". Como está é uma música qualquer (que eu amo) dos Beatles, entenda-se que acho Kya Se Kya Ho muito qualquer coisa.

Uau, mais uma música chata. Ebaaaa, troquemos para Saiyan Beimaan, super musiquinha para sacudir os guizos loucamente. Vixi, saudades da Waheeda. Engraçado que a voz da Lata nesta música me faz imaginar mais um clipe com a Vyjayanthi do que com a Waheeda.

Melhor repetir He Ram (...) para terminar, cansei dessa trilha. Depois, vou fazer meu amigo feliz e depois, estudarei para uma prova que será amanhã de manhã. Nunca estudei aquela matéria, não li nenhum texto. Desculpa se essa coisa de fenomenológico-existencialista me parece insuportável demais até para merecer minhas horas de leitura, Consciência.

[não é para entender]